Economia

Commodities derrubam preços da indústria no país

Pressionado pelos preços de commodities, o Índice de Preços ao Produtor fechou junho com deflação de 0,21%

Soja: com o resultado de junho, o IPP passou a acumular nos primeiros seis meses do ano deflação de 0,3% (Ty Wright/Bloomberg)

Soja: com o resultado de junho, o IPP passou a acumular nos primeiros seis meses do ano deflação de 0,3% (Ty Wright/Bloomberg)

AB

Agência Brasil

Publicado em 27 de julho de 2017 às 11h27.

Pressionado pelos preços de algumas commodities (mercadorias com valores estipulados segundo as cotações do mercado internacional) no mercado externo - como minérios de ferro, óleos brutos de petróleo e farelo de soja - o Índice de Preços ao Produtor (IPP) fechou junho com deflação (inflação negativa) de 0,21%, resultado 0,31 ponto percentual inferior a 0,1% de alta de maio - série dessazonalizada.

Com o resultado de junho, o IPP passou a acumular nos primeiros seis meses do ano deflação de 0,3%, menor do que -0,08% de janeiro a maio, enquanto a taxa acumulada nos últimos 12 meses (o indicador anualizado) fechou com alta de 1,52%.

Apesar da alta na taxa anualizada, o resultado até junho é 0,72 pontos percentuais menor do que os 2,24% acumulados até maio.

Os dados fazem parte do Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativa e de Transformação, divulgado hoje (27), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e que mede a evolução dos preços dos produtos na porta da fábrica, livres, portanto, da influência de impostos e fretes.

O indicador abrange informações de grandes categorias econômicas e por atividades. Entre as grandes categorias econômicas, o setor de bens de capitais teve em junho alta de 0,88% frente a maio, o único setor com preços em alta.

O setor de Bens Intermediários teve deflação de 0,36% e o de bens de consumo encerrou junho com -0,24%. Já entre as 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação, 15 apresentaram variações positivas de preços, mesma quantidade do mês anterior.

Por atividade

Das 15 atividades que fecharam junho com alta sobre maio, o IBGE constatou que as quatro maiores variações foram anotadas entre os produtos que estão nas industriais extrativas (-6,22%), papel e celulose (3,39%), refino de petróleo e produtos de álcool (-2,14%).

Já em termos de influência para a deflação dos preços ao produtor de maio para junho, os destaques ficaram com refino de petróleo e produtos de álcool, que responderam por -0,22 ponto percentual no resultado global; indústrias extrativas (-0,21 ponto percentual), papel e celulose (0,12 ponto percentual); e alimentos (-0,09 ponto percentual).

Mercados internacionais

O analista da Coordenação de Indústria do IBGE, Manuel Campos, disse hoje que os três principais produtos cujos preços no mercado externo influenciaram no resultado negativo da indústria em junho, frente a maio (minérios de ferro, óleos brutos de petróleo e farelo de soja) estão entre os principais produtos da indústria nacional que puxaram a redução de -0,21% do Índice de Preços ao Produtor (IPP) em junho.

"Os três itens, assim como seus derivados, têm em comum a forte influência dos mercados internacionais", afirmou. Segundo ele, os óleos brutos de petróleo e os minérios de ferro representam, juntos, mais de 90% da indústria extrativa, principal responsável pela queda no índice.

O analista explicou que "o preço do barril de petróleo tem sofrido quedas no mundo, influenciado pela competição entre países do Oriente Médio, como a Arábia Saudita e Irã. Já a produção de minérios de ferro sofre com a oferta internacional alta, puxada pela China".

Ele ressaltou que a indústria de alimentos também tem sido afetada pela safra recorde que o país vem colhendo este ano e pela valorização do real em comparação ao dólar. "O farelo de soja, principal produto de exportação, alcança bons preços em dólar nos mercados estrangeiros, mas o câmbio desfavorece o produtor local", justificou.

Matéria-prima barata, derivados caros

O analista do IBGE ressaltou, no entanto, que na contramão da queda generalizada de preços, a indústria metalúrgica teve um aumento substancial de maio para junho, puxado pelo preço do aço e a China tem influência direta neste processo.

"Além de ser uma grande produtora de minério de ferro, a China também tem uma forte indústria siderúrgica e exerce grande peso sobre os preços mundiais do aço. Nos últimos meses, observou-se uma valorização substancial do aço chinês, o que puxou o preço do aço brasileiro e também de outros metais, como o alumínio, o que explica a alta no setor".

Acompanhe tudo sobre:CommoditiesIBGEIndústriaMinério de ferroPreçosSoja

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto