Economia

Commodities baratas eliminam efeito dólar na balança

A forte alta do dólar ante o real ainda não trouxe o impacto esperado para a balança comercial brasileira


	Dólar: a forte alta da moeda ante o real ainda não trouxe o impacto esperado para a balança comercial
 (Karen Bleier/AFP)

Dólar: a forte alta da moeda ante o real ainda não trouxe o impacto esperado para a balança comercial (Karen Bleier/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de março de 2015 às 09h11.

São Paulo - A forte alta do dólar ante o real ainda não trouxe o impacto esperado para a balança comercial e deve ter um efeito limitado. O avanço da moeda americana tem sido atenuado pela queda de preço das commodities no mercado internacional e pelo aumento de custo - como a de energia -, que afeta a produção brasileira.

Os números da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) mostram que, enquanto o câmbio nominal subiu 7% em fevereiro ante janeiro, o valor total das exportações em dólares recuou 12%. O resultado dessa combinação fica evidente na queda das exportações: nos dois primeiros meses, o Brasil exportou US$ 25,796 bilhões, uma redução ante os US$ 31,960 bilhões do ano passado.

A piora no quadro se deve sobretudo aos produtos básicos. Esse grupo responde por 42% da pauta brasileira, mas a venda para o exterior em valores diminuiu 17% neste ano. "Por mais que o câmbio tenha se desvalorizado, não é possível ver o efeito (na balança) porque a queda das commodities está intensa", diz Daiane dos Santos, economista da Funcex. A previsão da entidade é de um superávit de US$ 3,5 bilhões.

A queda nos preços dos produtos básicos tem ocorrido ao longo dos últimos meses e foi intensificada com a desaceleração da economia chinesa, grande importadora de commodities do Brasil. Nessa semana, o governo chinês estimou o crescimento econômico de 7% para 2015 - um resultado bem abaixo do verificado nos últimos anos.

Entre as principais quedas de produtos básicos exportados pelo Brasil, se destacam o minério de ferro (redução de 43,2% em valores) e da soja em grão (tombo de 70,7%).

Um outro fator que tem derrubado os preços dos básicos é a sinalização de aumento de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos). "Quando os juros americanos sobem - e essa tendência está definida desde o ano passado -, eles derrubam os preços das commodities", afirma Fabio Silveira, diretor de Pesquisa da consultoria GO Associados.

A queda no preço das commodities também deve trazer um impacto indireto para a exportação brasileira de manufaturados. A indústria do Brasil tem como principais mercados os países da América Latina, também grande exportadores de produtos básicos. Com a queda do preço, esses países devem ter menor entrada de recursos e, consequentemente, vão comprar menos das empresas brasileiras. A exportação de manufaturados já recuou 13,1% neste ano.

A alta do dólar - sempre tão almejada pela indústria - também ocorre num momento em as empresas brasileiras estão diante de uma série de aumento de custos - como o da energia -, o que dificulta o ganho de competitividade. "Há uma série de aumentos, então o custo de produzir no Brasil também está subindo", afirma José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioCommoditiesDólarMoedasReal

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto