Economia

União Europeia se prepara para possíveis sanções comerciais dos EUA

Apesar das negociações, a Comissão Europeia afirmou que está preparada para as novas tarifas do aço e do alumínio adotadas pelos EUA

UE: o presidente francês e a chanceler alemã se reuniram com Trump na semana passada e trataram da isenção das tarifas do aço (Francois Lenoir/Reuters)

UE: o presidente francês e a chanceler alemã se reuniram com Trump na semana passada e trataram da isenção das tarifas do aço (Francois Lenoir/Reuters)

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AFP

Publicado em 30 de abril de 2018 às 10h14.

Última atualização em 30 de abril de 2018 às 13h54.

A União Europeia (UE) assegurou nesta segunda-feira (30) que está preparada para a possibilidade de que os Estados Unidos apliquem tarifas sobre suas exportações de aço e alumínio, mas assegurou que quer evitar uma guerra comercial com Donald Trump.

O presidente americano decidiu excluir temporariamente a UE das tarifas sobre o aço (25%) e o alumínio (10%) importados pelos Estados Unidos. Mas essa exclusão temporária termina na terça-feira, 1º de maio, e pode não ser renovada.

"Não vou dizer o que o presidente vai, ou não fazer, mas posso dizer que a equipe econômica se reúne regularmente", declarou nesta segunda-feira na Fox News o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, garantindo que haverá uma "decisão rápida".

A comissária europeia do Comércio, Cecilia Malmström, programou um encontro com o secretário do Comércio americano, Wilbur Ross, mas sem esperança de que a isenção se torne permanente, conforme solicitado por Bruxelas.

"Os contatos aconteceram em todos os níveis", declarou nesta segunda-feira a porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, em uma entrevista coletiva.

"Somos pacientes, mas também estamos preparados", assegurou.

"As discussões estão em andamento, estamos esperando", disse uma fonte europeia, que espera que Trump tome uma decisão nas próximas horas.

Vários parceiros comerciais dos Estados Unidos, como Canadá, Brasil e União Europeia, também estão temporariamente isentos dessas tarifas, mas Washington continua pedindo mais concessões.

É o caso da Coreia do Sul, que finalmente concordou em reduzir suas exportações de aço para os Estados Unidos e abrir ainda mais seu mercado aos automóveis americanos.

"Um dos problemas é o tratamento equitativo dos automóveis, e gostaríamos de ver concessões da Europa", declarou na semana passada o principal assessor econômico de Donald Trump, Larry Kudlow.

No entanto, os europeus asseguram que não vão começar a negociar com Washington até que confirmem a isenção permanente das tarifas sobre o aço e o alumínio. Eles acusam a China de ser a principal responsável pelo excesso de oferta global neste setor.

UE disposta a reagir

No domingo, o presidente francês, Emmanuel Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, e a primeiro-ministra britânica, Theresa May, voltaram a advertir os Estados Unidos contra sanções comerciais, alertando que a UE está "pronta para reagir, se necessário, de forma eficaz e com celeridade".

"Qualquer outra decisão [que não seja de isenção] seria prejudicial para ambas as partes. Não nos deixaria outra escolha a não ser adotar medidas de reequilíbrio", afirmou o presidente do Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani.

Macron e Merkel estiveram em Washington na semana passada para tentar convencer Trump a deixar a UE de fora das tarifas.

Nas últimas semanas, Bruxelas também tem preparado sua resposta a possíveis sanções comerciais dos Estados Unidos, mas com medidas que respeitam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A medida mais imediata seria taxar dezenas de produtos americanos emblemáticos, como tabaco, bourbon, jeans, ou motocicletas.

Embora em abril os representantes dos países da UE tenham aprovado uma lista de produtos, ainda faltam algumas semanas para que a medida possa ser aplicada.

Bruxelas também poderia apresentar uma queixa à OMC, argumentando que as tarifas americanas, justificadas em nome da segurança nacional, servem, na verdade, para dar vantagem para suas empresas.

 

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