Economia

Comissão do Senado aprova indicados por Lula para o Banco Central

Análise dos três nomes pode ser realizada ainda nesta terça no plenário da Casa

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 10 de dezembro de 2024 às 13h41.

Última atualização em 10 de dezembro de 2024 às 13h49.

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, nesta terça-feira, 10, as três indicações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à diretoria do Banco Central (BC). Os nomes agora serão submetidos ao plenário. Eles foram sabatinados nesta terça-feira e disseram ter compromisso com a principal missão da autoridade monetária, que é o controle da inflação.

A aprovação ocorreu em meio a expectativa de aumento da Taxa Selic. A maior parte das instituições financeiras avaliam que o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, deve elevar a Selic em 0,75 ponto percentual amanhã, na última reunião do ano — mas algumas já esperam alta de 1 ponto, o que levaria os juros dos atuais 11,25% a 12,25% ao ano.

Os indicados são:

  • Nilton David, na vaga de Gabriel Galípolo (Política Monetária). Aprovado por 22 a 5;
  • Izabela Correa, na vaga de Carolina de Assis Barros (Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta). Aprovada por 24 a 3.
  • Gilneu Vivan, na vaga de Otávio Damaso (Regulação). Aprovado por 23 a 4.

Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, já foi aprovado pelo Senado para assumir a presidência do BC no lugar de Roberto Campos Neto, que deixa o cargo no dia 31 de dezembro deste ano. Na mesma data, se encerram os mandatos de Damaso e Carolina Barros.

Caso as indicações sejam aprovadas pelo plenário ainda neste ano, os indicados passarão a exercer o cargo de diretor do Banco Central do Brasil a partir de 1° de janeiro de 2025.

Durante a sabatina, houve insistência de alguns senadores sobre os efeitos da política fiscal sobre a atuação do BC. Desde a apresentação do pacote de contenção de gastos pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, o mau-humor tomou conta do mercado financeiro, o que levou o dólar a romper a marca histórica de R$ 6 — o que tem impacto inflacionário.

Questionado sobre o assunto, Nilton David afirmou que não cabe ao BC comentar a política fiscal, mas refutou que o país esteja próximo de uma situação de dominância fiscal - estado da economia em que o aumento de juros perde efeito para controlar a inflação diante de uma dívida pública fora de controle.

"Eu tenho convicção que não estamos próximos da dominância fiscal. Não estamos. Não enxergo nada objetivo e claro que me indique isso", disse.

Segundo ele, o assunto está sendo debatido no mundo inteiro após o aumento do endividamento público com a pandemia de Covid-19. David ainda argumentou que dada a força da economia brasileira atualmente a inflação deveria estar mais alta, o que mostra que a política monetária tem sido efetiva em conter os preços.

"O que eu vejo dos dados da economia é que o surpreendente nível de atividade não é condizente com o nível de inflação que a gente está vendo. Dadas as premissas, a atividade deveria ter gerado inflação ainda maior do que a gente viu. O que prova que a política monetária, sim, cumpriu um papel de manter, conter pelo menos um spike, um aumento ainda maior da inflação".

Nilton David ainda assegurou o compromisso integral com as missões do BC: estabilidade de preços, estabilidade e eficiência do sistema financeiro e suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o perigo do emprego.

"Excelentíssimas senadoras e excelentíssimos senadores, senhoras e senhores aqui presentes, tenho a certeza do meu compromisso integral ao cumprimento desses objetivos".

Izabela Correa disse ter competências e habilidades necessárias para contribuir com o controle da inflação.

"O Comitê de Política Monetária tem, nesse sentido, adotado as medidas necessárias e reiterado seu firme compromisso para a convergência da inflação às metas", declarou Izabela.

Gilneu Vivan afirmou que o ambiente externo é "desafiador" e que é necessário enfrentar os impactos inflacionários no mercado interno.

"O Comitê de Política Monetária, em sua comunicação, tem enfatizado seu firme compromisso com a convergência da invasão à meta. As decisões que tomarei, se tiver a honra de ser aprovado por essa missão, serão seguidas por um bom trabalho daquele que me antecedia", disse Gilneu.

Processo

Os escolhidos iniciaram na semana passada o tradicional "beija-mão" no Senado. É quando os candidatos visitam os senadores para angariar votos para aprovação.

O presidente da CAE, senador Vanderlan Cardoso, não via vetos ou problemas em relação aos nomes, mas temia uma "mudança de humor" em meio ao impasse sobre o pagamento de emendas.

"Eu creio que não vai ter problema. Mas tem que resolver esses assuntos até lá. Porque o humor pode mudar de uma hora para outra por causa das questões das emendas".

Nesse contexto, a expectativa já era de que a sabatina tivesse um clima mais tenso do que a avaliação do nome de Gabriel Galípolo para presidência do BC, realizada em outubro. Como de costume, os três indicados foram bem recebidos nas conversas nos corredores do Congresso, mas o temor era de que a sessão na CAE seja usada pelos parlamentares para mandar recados para o governo.

Na sabatina de Galípolo à presidência em outubro, ele recebeu muitos elogios, inclusive da oposição, e teve o aval de todos os 26 senadores presentes no colegiado. Agora, mesmo o BC espera que os três indicados devem ouvir perguntas mais duras, principalmente sobre o aumento da taxa Selic, a disparada do dólar e a autonomia do BC. Além disso, são esperados alguns votos contrários, longe de ameaçar, contudo, a aprovação dos nomes.

Se os três novos indicados forem aprovados, o governo Lula passará a ter indicado a maioria entre os membros da diretoria do Comitê de Política Monetária (Copom). A mesa é composta por nove diretores e sete deles terão sido indicados pelo presidente Lula.

A diretoria do Copom é responsável por definir a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. A cada 45 dias os membros se reúnem para votar se mantém, abaixa ou aumenta a taxa de juros. O patamar da Selic, atualmente em 11,25% ao ano, é alvo de reclamação do governo.

Acompanhe tudo sobre:Banco Central

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor