Greve geral: os protestos realizados na capital paulista desde as primeiras horas da manhã desta sexta-feira certamente afetarão o desempenho do comércio varejista, segundo a ACSP (Diego Vara/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de abril de 2017 às 18h07.
Última atualização em 28 de abril de 2017 às 18h07.
São Paulo - O comércio pode perder algo próximo a R$ 5 bilhões só com a greve geral convocada para esta sexta-feira (28) alertam associações de classes representativas do setor.
Este é o faturamento diário do comércio no País, informa a FecomercioSP e seus sindicatos afiliados.
Na cidade de São Paulo, o comércio fatura R$ 500 milhões por dia e no Estado, R$ 1,6 bilhão.
O prejuízo pode ser triplicado se for levado em consideração que o final de semana será seguido de um feriado na segunda-feira, 1º de maio, quando se comemora o Dia do Trabalho.
O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (ACSP), Alencar Burti, afirma que a realização de uma greve geral neste momento de recessão só atrapalha.
"Os sindicalistas estão se esquecendo que estão em um País onde 14 milhões de pessoas estão desempregadas", avalia em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.
A FecomercioSP também faz discurso parecido e chama a atenção para o momento econômico difícil e total de 14,2 milhões de desempregados em todo o País.
"Não são mais admissíveis paralisações que tragam custos às empresas ou dificuldades de deslocamento de trabalhadores", diz a entidade.
Na avaliação de Burti, os sindicatos estão esquecendo que têm a função de amparar os trabalhadores, e não de se partidarizarem.
"Deveriam exercer defender o trabalhador. Antes de iniciarem qualquer movimento, deveriam sentar e conversar com a população", sugere.
Conforme o presidente da ACSP, a greve realizada por alguns grupos é prejudicial para a economia e não reflete o desejo dos trabalhadores brasileiros.
"O direito à greve está assegurado pela Constituição e deve ser respeitado, mas o movimento precisa ser espontâneo. Para a greve ser legítima, ela tem de partir do próprio trabalhador", diz.
Os protestos realizados na capital paulista desde as primeiras horas da manhã desta sexta-feira certamente afetarão o desempenho do comércio varejista, segundo a ACSP.
"O comércio que fechou as portas hoje perderá um sexto do faturamento da semana. Se levarmos em conta os feriados prolongados em abril, esse prejuízo atinge uma proporção ainda maior. O Brasil só vai progredir trabalhando", afirma.
O presidente da ACSP admite que a situação na cidade de São Paulo poderia estar pior, porém credita o quadro de menos deterioração à atuação do prefeito e de empresários que fizeram parcerias com aplicativos de transporte para facilitar a locomoção dos trabalhadores.
"A expectativa era de caos, mas a atuação do prefeito e do empresariado está ajudando a limitar os efeitos", completa.
Outras associações de indústria, comércio e serviços adotaram a postura política de não fazerem balanços da adesão à greve.
Incluem-se neste grupo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping (Alshop) e Associação Nacional de Restaurantes (ANR). Para estas associações, as reformas são no momento a maior bandeira.