Torcida da Argentina em frente ao Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (Claudio Medaglia/Portal da Copa)
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2014 às 13h50.
Porto Alegre - O comércio na capital gaúcha teve queda média de 26% em dias de jogos do Brasil na Copa do Mundo, ante o mesmo período de 2013. O levantamento final realizado pelo Sindilojas Porto Alegre, que compilou dados coletados durante todo o Mundial, mostra que o faturamento diminuiu no torneio para 84% dos estabelecimentos.
Ao considerar apenas as partidas realizadas em Porto Alegre, 73% dos lojistas entrevistados reportaram redução média de 20% nas vendas, também na comparação com o ano passado.
O presidente da entidade, Paulo Kruse, afirma que antes da Copa o setor estava otimista. "Houve uma surpresa. O prefeito (José Fortunatti, do PDT) foi sensível em não decretar feriado, diferentemente do que ocorreu em outros municípios. Por isso, não esperávamos números como esses", diz.
Segundo ele, um dos principais problemas foi o fechamento das lojas durante os jogos, tanto os da seleção brasileira como aqueles disputados no estádio Beira-Rio, na capital gaúcha. A pesquisa do Sindilojas indicou que a maioria dos estabelecimentos encerrava as atividades entre 30 minutos e uma hora antes de cada partida.
Após o apito final, 68% reabriam as lojas. "O centro da cidade, que concentra boa parte da atividade varejista, virou uma referência para os torcedores estrangeiros. Eles se reuniam nas ruas antes de ir ao estádio. Isso diminuiu muito o fluxo nas lojas", explica.
Outro fator de impacto apontado por Kruse foi o preço das mercadorias brasileiras, considerado alto pelos turistas.
"Sabíamos que não haveria muita saída de bens finais como eletrodomésticos, mas apostávamos que os visitantes procurariam roupas e calçados, por exemplo. Só que os nossos produtos são caros com relação aos preços internacionais, o que fez com que muitos turistas desistissem das compras. Ouvimos muitos relatos dos lojistas nesse sentido", afirma.
Kruse cita os sistemas de "tax free" existentes em países como a Espanha, que permitem que turistas recebam de volta parte dos impostos pagos em compras, ao deixar o País.
"O Brasil não se preparou nesse aspecto. Se tivéssemos criado algum tipo de mecanismo para isentar os turistas dos impostos, o fluxo teria sido melhor", diz.
Para realizar o levantamento, o Sindilojas POA consultou os segmentos de vestuário, bijuterias e acessórios; cama, mesa e banho; calçados, artigos esportivos e couro; eletroeletrônicos e informática; joalheria e relojoaria; material de construção; perfumaria e cosméticos; papelaria e brinquedos.
Apesar da queda nas vendas, Kruse espera que os recursos movimentados na capital durante a Copa do Mundo ainda possam beneficiar o setor.
"A expectativa é que o dinheiro que girou em bares e restaurantes e provocou um ganho extra para muitos empresários e trabalhadores acabe sendo gasto no comércio. Temos uma previsão boa já para o Dia dos Pais", conta.