Economia

Comércio cai 1% em maio, com queda nas vendas de supermercados e lojas de departamento

Na esteira dos juros altos, fechamento de lojas de vestuário, eletrodomésticos e artigos de uso pessoal frustram vendas ligadas ao Dia das Mães

Comércio: No acumulado nos últimos 12 meses, o setor acumula alta de de 0,8% (Fernando Moraes/Exame)

Comércio: No acumulado nos últimos 12 meses, o setor acumula alta de de 0,8% (Fernando Moraes/Exame)

Agência o Globo
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Publicado em 14 de julho de 2023 às 10h54.

O comércio brasileiro caiu em maio 1% em maio após avanço de 0,1% em abril. O resultado das vendas do varejo restrito - que exclui veículos e materiais de construção - foi puxado pela queda do setor supermercados, atividade de maior peso na pesquisa. Nem o Dia das Mães animou o setor: as vendas de vestuário, eletrodomésticos e artigos de uso pessoal e doméstico também caíram diante do fechamento de lojas de departamento em meio aos juros altos e pressionaram negativamente.

Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE. No ano, o comércio varejista registra alta de 1,3%. No acumulado nos últimos 12 meses, o setor acumula alta de de 0,8%.

'Efeito rebote' no consumo de itens no supermercado

Se no mês de abril o setor de supermercados foi o responsável por manter o comércio varejista no campo positivo, esta atividade teve um efeito rebote em maio e puxou para baixo o desempenho do setor como um todo. O segmento de hiper e supermercados que recuou 3,2% após apresentar crescimento de 3,6% em abril.

Cristiano Santos, gerente da pesquisa, lembra que a atividade vem de uma aceleração em abril, em um fenômeno que serviu para estancar as quedas anteriores. Para o pesquisador, a conjuntura pressionou o consumidor a fazer opções, que acabaram se concentrando no consumo em hiper e supermercados em abril, o que mudou agora em maio.

"É uma espécie de rebote, onde a escolha do consumidor pareceu ser de consumir menos nessa área e consumir mais em outras atividades", complementa.

Redução de lojas de departamento mostram desaquecimento

Também houve queda do desempenho as atividades de tecidos, vestuário e calçados (-3,3%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,3%) e móveis e eletrodomésticos (-0,7%). Segundo Cristiano Santos, esses três setores têm sido afetados pela redução de lojas físicas de grandes cadeias. Nem o Dia das Mães, data que costuma aquecer o comércio em maio, conseguiu reverter o efeito.

Já entre as altas, o destaque foi o setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com de 2,3% em maio.

"Embora venham de sucessivos crescimentos, as vendas nessa atividade aceleraram no mês, provavelmente impactadas pelo dia das mães", explica Santos. As demais três atividades que apresentaram taxas positivas no mês foram livros, jornais, revistas e papelaria (1,7%), combustíveis e lubrificantes (1,4%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,1%).

No comércio varejista ampliado, que inclui veículos e material de construção, o volume de vendas também caiu em maio: -1,1%. A atividade de veículos e motos, partes e peças cresceu 2,1%, enquanto o setor de material de construção teve queda de 0,9%.

Perspectivas

A desaceleração da inflação têm reduzido incertezas na economia, o que facilita o interesse das famílias em adquirir produtos e serviços. Por outro lado, o cenário de juros elevados, além do alto nível de inadimplência presente no país, podem ser considerado entraves para uma trajetória mais benigna do comércio ao longo deste ano.

O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) do FGV IBRE subiu 6,9 pontos em junho para 94,2 pontos, ficando o maior valor desde outubro de 2022 (98 pontos). Ainda assim, o resultado é visto com cautela.

"É importante frisar que o caminho ainda é longo e que é fundamental a continuidade de melhora nas variáveis macroeconômicas”, avalia Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE.

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