Economia

Governo propõe compensar estados para zerar ICMS da gasolina, diesel e gás

Há duas semanas a Câmara aprovou um projeto que coloca um teto de 17% no ICMS cobrado pelos estados sobre o preço dos combustíveis, energia elétrica e gás natural

Gasolina: combustível subiu 2,48% em abril. (Leonidas Santana/Getty Images)

Gasolina: combustível subiu 2,48% em abril. (Leonidas Santana/Getty Images)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 6 de junho de 2022 às 19h57.

Última atualização em 6 de junho de 2022 às 20h25.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou nesta segunda-feira, 6, que pretende articular uma melhoria ao projeto que está no Congresso Nacional e que coloca um teto de 17% no ICMS (imposto estadual) sobre combustíveis, gás de cozinha e energia elétrica. A ideia seria fazer um projeto de emenda à Constituição autorizando a União da ressarcir os estados, caso o teto do ICMS passe pelo Congresso. Esse novo texto ainda não está em tramitação.

O anúncio contou com a presença dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Também estavam presentes ministros, incluindo o da Economia, Paulo Guedes.

LEIA TAMBÉM: Governo pode gastar até R$ 50 bi em PEC para reduzir preços de diesel, gás e transporte público

"A gente espera que haja um entendimento o Senado para a aprovação desse lei complementar. Mas o governo federal, conversando com essas duas casa, resolveu avançar nessa redução da carga tributária. Nós já zeramos o PIS e Cofins do diesel, e estamos propondo os 17% de ICMS, zerando para o consumidor, e pagaríamos aos governadores o que deixassem de arrecadar", disse Bolsonaro.

O presidente ainda disse que pretende zerar os impostos federais sobre a gasolina e o etanol. O imposto estadual, o ICMS, seria feito da mesma maneira que o diesel, o governo federal pagaria esses 17%. Ainda de acordo com o governo, esta redução seria feita de forma extraordinária até o fim do ano. Vale ressaltar, que há estados em que o ICMS sobre os combustíveis é superior a 17% e o governo não pagaria essa diferença.

O alto preço dos combustíveis tem impactado na inflação, achatando o poder de compra da população, e impactando na popularidade do presidente, em um ano de eleição.

De acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o principal índice inflacionário brasileiro, a gasolina subiu 2,48% em abril, o etanol teve alta de 8,44%, e o óleo diesel aumentou 4,74%. A inflação geral no mês de abril teve variação de 1,06%, a maior para o mês desde 1996.

Há duas semanas a Câmara aprovou um projeto que coloca um teto de 17% no ICMS cobrado pelos estados sobre o preço dos combustíveis, energia elétrica e gás natural. A proposta passou com amplo apoio —  foram 403 votos favoráveis, dez contrários e duas abstenções. O projeto está no Senado e o relator da matéria, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), disse que deve apresentar o texto nesta terça-feira, 7.

Para diminuir resistências à medida, os deputados colocaram um gatilho temporário para compensar estados e municípios quando a queda na arrecadação total do tributo for superior a 5%. Essa compensação será feita, se necessário, por meio do abatimento da dívida desses entes com a União. Na ocasião, o presidente Bolsonaro criticou esse ressarcimento.

Essa compensação também é criticada pelos governos estaduais. Em entrevista à EXAME na semana passada, secretário da Fazenda e Planejamento do estado de São Paulo, Felipe Salto, disse que o projeto de lei não vai diminuir o preço para o consumidor.

“Mesmo que seja aprovado como está, não vai gerar efeito relevante para a população. Tem um efeito de redução de 10 a 12 centavos, mas, se considerar que o preço do petróleo vai continuar aumentando, isso vai ser comido”, afirmou.

Na estimativa do governo paulista, as perdas em arrecadação seriam de R$ 8,6 bilhões por ano. Na conta entram valores da gasolina, etanol, diesel, gás e da energia elétrica. Na soma com todos os estados, a perda seria de até R$ 83 bilhões por ano.

LEIA TAMBÉM

Acompanhe tudo sobre:CombustíveisCongressoGasolinaJair BolsonaroÓleo diesel

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo