Plenário da Câmara: presidente da Casa, Rodrigo Maia, fala com o chefe da Casa Civil e com integrantes da equipe econômica do governo (Luis Macedo/Agência Câmara)
Ligia Tuon
Publicado em 10 de julho de 2019 às 20h18.
Última atualização em 10 de julho de 2019 às 21h11.
São Paulo — Quatro meses e meio depois de chegar ao Congresso, a reforma da Previdência foi aprovada em primeiro turno na noite desta quarta-feira, (10), na Câmara dos Deputados, por 379 votos a 131.
O resultado da votação mostra ampla margem para o governo, que esperava até 355 votos, conforme declaração do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, feita mais cedo.
Antes de seguir para o Senado, o projeto ainda precisa passar pela votação em segundo turno na Câmara, que deve acontecer na quinta-feira, (11), após a análise de 20 destaques propostos pelos partidos, marcada para começar às 9 horas.
Entre os temas a serem discutidos está a aposentadoria de policiais, mulheres e professores.
Apesar de a questão estar encerrada por ora, com um acordo entre os deputados, uma das grandes dúvidas que permanecem é se os estados e municípios voltarão a ser incluídos na reforma.
Uma mudança nesse sentido tem mais chance de acontecer quanto o texto passar pelo Senado, já que o presidente da Câmara firmou acordo com os líderes partidários para que fiquem fora do texto da Previdência por ora. Os entes foram retirados do texto na comissão especial.
No plenário da Câmara, a proposta é submetida a dois turnos de discussão e votação. Entre os dois turnos há um intervalo de cinco sessões do Plenário, mas o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já disse que um acordo está sendo costurado para encurtar esse processo.
Para ser aprovada, a proposta precisa ter, em ambos os turnos, 3/5 dos votos dos deputados (308), em votação nominal.
Aprovada na Câmara, a redação final da reforma segue para o Senado. Lá não há Comissão Especial, mas o texto também precisa passar por uma Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.
A CCJ no Senado tem 27 membros designados pelo presidente da Casa também por indicação dos líderes e respeitando a proporcionalidade partidária. O relator da matéria é escolhido pelo presidente da Comissão, que deve ser Simone Tebet (MBD-MS).
O trâmite é parecido com o da CCJ na Câmara e deve durar cerca de um mês.
Após análise na CCJ, a reforma vai para votação no Senado, o que só deve ocorrer no segundo semestre.
Para uma sessão ser aberta, precisam estar presentes um quinto da Casa, ou 16 entre os 81 senadores. A votação do texto é em dois turnos e uma PEC precisa ser aprovada por dois terços, ou 49 entre os 81 senadores.
Se for alterado, o texto volta para a Câmara, que analisa apenas as alterações, podendo mantê-las ou recuperar o texto original. Em seguida, vai para sanção ou veto do presidente da República.
Isso significa que é possível, em tese, que a reforma esteja aprovada em setembro. No entanto, é preciso considerar que a oposição pode continuar tentando adiar os trabalhos ao longo de todo o processo, com recursos como requerimentos para retirar a pauta, adiar discussões ou com questões de ordem, por exemplo.