Economia

Análise: com pressão do governo por corte de 0,5 pp, Copom inicia ciclo de queda de juros

Com a deflação de junho e a expectativa de nova queda do IPCA em julho aumentaram expectativas de que Selic será reduzida para 13,25% ao ano

 (Adriano Machado/Reuters)

(Adriano Machado/Reuters)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 2 de agosto de 2023 às 06h10.

Última atualização em 2 de agosto de 2023 às 09h46.

O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciará na noite desta quarta-feira, 2, o início do ciclo de corte de juros, atualmente em 13,75% ao ano, sob forte pressão do governo por uma queda de pelo menos 0,5 ponto percentual. Com a deflação de junho e a expectativa de nova queda do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em julho aumentaram as expectativas do mercado de que há espaço para uma redução que levará a Selic para 13,25% ao ano.

A curva de juros doméstica precifica probabilidade próxima de 75% de corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, mas não há consenso entre os economistas de mercado. Diversas casas apostas em uma queda de 0,25 ponto percentual.

Tamanha é a pressão do governo que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou publicamente, no úlitmo sábado, que um corte de 0,5 ponto percentual da Selic vai impactar os investimentos no país e  sinalizará que a política monetária estimulará o consumo. As declarações foram dadas em entrevista à TV GGN.

Inflação pode ser a menor da história do Plano Real

A decisão de amanhã também será a primeira que contará com a presença de dois diretores indicados pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva. O diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, e o de Fiscalização, devem dar sinais claros de como avaliam a situação da economia e podem até sinalizar que há espaço para uma queda maior da Selic, de 0,75 ponto percentual, como já defendem assessores de Lula.

Como mostrou a EXAME, 0 governo Lula 3 pode conquistar a menor inflação acumulada em quatro anos desde o início do Plano Real, em 1994, se as projeções do Boletim Focus do Banco Central (BC) se confirmarem. 

Além da redução da inflação, o mercado e governo espera um crescimento econômico maior. As expectativas, que eram inferiores a 1%, já estão acima de 2%. Enquanto o Ministério da Fazenda projeta uma elevação de 2,5%, a mediana do mercado está em 2,24%.

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