Economia

Com preços em alta, falta chocolate nos supermercados

Alta do custo de vida faz varejo apostar menos em itens não essenciais; ausência de barras de chocolate nas prateleiras atinge o índice mais alto desde maio de 2020

Alta do custo de vida faz supermercados investirem menos em itens não essenciais e chocolate some das prateleiras (Getty Images/Getty Images)

Alta do custo de vida faz supermercados investirem menos em itens não essenciais e chocolate some das prateleiras (Getty Images/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de junho de 2022 às 14h07.

Última atualização em 22 de junho de 2022 às 14h37.

Os preços mais altos têm feito os supermercados apostarem menos na reposição de itens não essenciais. No mês de maio, a indisponibilidade de chocolates disparou nas gôndolas e a venda dessa categoria de produtos diminuiu. A falta de barras de chocolate nas prateleiras atingiu o patamar de 20,3%, maior indisponibilidade desde maio de 2020, quando o índice atingiu 17,8%. Em abril, o indicador havia ficado em 11,1%. Os dados são do Índice de Ruptura da Neogrid, que considera os dados de cerca de 80% das maiores redes supermercadistas do Brasil.

Ainda de acordo com o indicador da Neogrid, a venda média de unidades registrou o menor volume em três anos (2020 a 2022), repetindo o patamar de janeiro passado. Por questões contratuais no entanto, a Neogrid não divulga números absolutos de estoque e venda.

Para o diretor de Sucesso do Cliente da Neogrid, Robson Munhoz, com a inflação e o embate entre indústria e varejo para que o custo da produção não seja repassado aos itens nas gôndolas, os varejistas vêm trabalhando com estoques cada vez menores e repondo menos os chamados produtos de indulgência, aqueles que os consumidores compram para se presentear.

"O supermercado abasteceu menos, a prateleira está menos reforçada, e, tirando o efeito Páscoa, quando a ruptura no mês seguinte ao evento de fato sobe um pouco, agora o que vimos é uma diminuição de estoque e de venda — o varejo comprou menos chocolate porque acreditou que venderia menos em virtude do aumento de preço e da dificuldade de dinheiro do consumidor no supermercado",afirma Munhoz.

E completa: "Com menor poder de compra e produtos mais caros, o consumidor não vai praticar indulgência consigo: vai comprar aquilo que é básico."

Em maio, a Horus — empresa de inteligência de mercado da Neogrid — constatou retração na incidência de chocolate nos cupons de compra em relação ao mês anterior.

Em abril, mês da Páscoa, o chocolate esteve presente em 14% dos carrinhos de compras, enquanto em maio essa proporção caiu para 9,5%, derrubando também o tíquete médio em 43% e o número médio de unidades de 2,7 para 2,1. Nos 12 meses entre junho de 2021 e maio de 2022, segundo a Horus, o preço médio do chocolate aumentou 22,7%. No ano de 2022, o IPCA acumula alta de 4,78% e, nos últimos 12 meses, de 11,73%.

A ruptura geral das categorias em maio ficou em 11,5%, pouco acima dos 10,8% registrados em abril e também em março. Estoque e venda gerais praticamente não se alteraram em relação a abril — mês que registrou o menor estoque desde o começo da pandemia, em 2020.

"O estoque segue baixo, e o varejista continua se vendo obrigado a negociar com a indústria, que ainda tenta repassar o aumento de preço por conta do aumento de insumos", destaca o diretor da Neogrid. Com isso, afirma, "essa negociação vai ficando mais dura e acirrada e competitiva".

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