Economia

Com política fiscal pragmática, Lula verá dólar a R$ 5, afirma Alejo Czerwonko

Para o diretor de investimentos para mercados emergentes das Américas do UBS Global Wealth Management, Alejo Czerwonko, se Lula buscar equilibrar as despesas com as receitas levará o dólar para a cotação de R$ 5

 (Craig Hastings/Getty Images)

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EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de dezembro de 2022 às 09h11.

Última atualização em 5 de dezembro de 2022 às 09h12.

A adoção, por parte do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de uma política fiscal pragmática, que busque equilibrar as despesas com as receitas, levaria o câmbio para a cotação de R$ 5 em um horizonte de 6 a 12 meses, afirmou ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o diretor de investimentos para mercados emergentes das Américas do UBS Global Wealth Management, Alejo Czerwonko. "Ele deverá recuar dos seus objetivos de elevar os gastos públicos de forma excessiva", frisa o executivo, alertando que o mercado está avesso a risco em tempos de juros mais altos nos Estados Unidos.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Quais são as expectativas de investidores para a política econômica de Lula?

O presidente eleito enfrentará grandes restrições externas e internas. O mundo mudou após a pandemia. A inflação está alta, os bancos centrais subiram juros e a liquidez está restrita. Nesta conjuntura, a boa formulação de políticas importa mais para os emergentes. Não é preciso muito para que investidores globais hoje fujam de países que estão se movendo na direção errada, pois eles podem alocar capital em títulos de curto prazo do Tesouro dos EUA, rendendo cerca de 4,5% ao ano. O Brasil não é exceção. Veja a queda das ações no início deste mês. Se uma nação adotar políticas fiscal e monetária prudentes será modestamente recompensada. Se escolher um conjunto de políticas não ortodoxas será gravemente penalizada. Há um conjunto de restrições muito importantes e acredito que o presidente Lula entenda que elas existem.

E quais restrições seriam essas?

Quase metade do País votou contra Lula. A composição do Congresso é inclinada ao centro. Ele só venceu as eleições porque conseguiu construir pontes com o centro, como a escolha de Geraldo Alckmin para seu vice. Sabemos que o aumento das despesas, inclusive na área social, estava no programa de governo de Lula. Mas, se ele continuar defendendo isso, terá muita resistência política e, provavelmente, dificuldades para governar. Mas acredito que o presidente será pragmático e vai administrar o país da melhor forma.

Mas Lula não está certo em defender gastos sociais e a defesa do meio ambiente?

O atual presidente (Jair Bolsonaro) não é percebido pelo mundo como o melhor embaixador do Brasil sobre sustentabilidade ambiental. Investidores internacionais estão cada vez mais focados neste fator. Mas não acredito que o mercado vá tolerar irresponsabilidade fiscal, por mais que a nova administração tenha boas credenciais ambientais. O mercado não está necessariamente contra Lula. O problema é que o novo governo terá de ter despesas menores em outras frentes ou aumentar impostos.

Por que há ansiedade sobre a política fiscal de Lula?

Muitos investidores estão esperando para saber quem será o ministro da Fazenda para tomar suas decisões em relação à aplicação de capitais no Brasil no curto prazo.

No seu cenário-base, qual é a tendência do câmbio nos próximos trimestres?

No horizonte de 6 a 12 meses, acreditamos que o câmbio ficará em R$ 5, considerando que o novo governo adotará uma política fiscal pragmática. Se isso não ocorrer, é provável que supere R$ 5,50 neste período.

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