Haddad, Lula e Galípolo discutem pacote de corte de gastos no Alvorada (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 29 de outubro de 2024 às 19h40.
Após um dia de nervosismo do mercado financeiro sobre o pacote de corte de gastos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne novamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início da noite desta terça-feira. O encontro, que ocorre no Palácio do Alvorada, também conta com a presença do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e dos secretários da Fazenda, Dario Durigan e Guilherme Mello.
Mais cedo, Haddad disse a jornalistas que não havia prazo para anunciar as medidas de contenção de despesas, mas que as conversas com Lula estavam avançando. A falta de anúncios concretos tem trazido insegurança ao mercado financeiro. Nesta terça-feira, o dólar fechou a R$ 5,76, a maior cotação desde 2021.
“Ele está pedindo informações e estamos fornecendo. Não tem uma data. Estamos avançando na conversa, estamos falando com o Planejamento”, afirmou no meio da tarde desta terça-feira, acrescentando que os números só serão apresentados com a decisão tomada.
Outro tema pendente é a indicação dos três novos diretores do BC. Galípolo assume a autoridade monetária em janeiro de 2025, substituindo Roberto Campos Neto. Assim, seu atual cargo, a diretoria de Política Monetária, ficará vago. Além disso, o mandato dos diretores de Regulação, Otávio Damaso, e de Relacionamento, Carolina Barros, se encerram em 31 de dezembro.
Haddad voltou nesta segunda-feira a Brasília após passar a semana passada em Washington, nos EUA, e votar domingo em São Paulo. No início de novembro, ele deve fazer uma visita a países europeus. A viagem deve ocorrer poucos dias antes do G20 no Brasil, que acontece na segunda quinzena de novembro no Rio.
Por isso, esta semana é considerada decisiva. Tanto o pacote de revisão de despesas quanto as indicações do BC precisam passar pelo Congresso. A estratégia foi aguardar o segundo turno das eleições municipais para aprofundar as discussões.
A equipe econômica vem sendo cobrada por medidas efetivas que sustentem a manutenção do arcabouço fiscal ao longo do tempo, já que o limite de gastos está esgotado, com o crescimento contínuo de despesas obrigatórias. Por enquanto, o governo trabalha apenas com um pente-fino em benefícios sociais, com previsão de economia de R$ 25,9 bilhões em 2025.
Na lista discutida pela equipe econômica estão mudanças no seguro-desemprego e no fundo de financiamento para a educação básica (Fundeb), por exemplo. O debate sobre o reajuste real do salário mínimo foi interditado pelo presidente, assim como alterações em benefícios permanentes. Segundo fontes, a equipe econômica trabalha em um pacote de R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões.