Economia

Com distribuição comprometida, preço de alimentos sobe

Em uma semana, o preço do saco de batata subiu mais de 150% no atacado da Ceagesp

Greve: devido às paralisações dos caminhoneiros, supermercados admitem dificuldade de abastecimento (Adriano Machado/Reuters)

Greve: devido às paralisações dos caminhoneiros, supermercados admitem dificuldade de abastecimento (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de maio de 2018 às 08h25.

São Paulo - O efeito dominó da greve dos caminhoneiros já havia chegado ao abastecimento, na quarta-feira, 23, especialmente de produtos hortifrutigranjeiros, no atacado e nos supermercados, provocando alta nos preços desses itens.

Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), houve redução, em média, de 15% a 20% na oferta de hortifrutigranjeiros por causa da greve, segundo o economista da empresa Flávio Godas. O caso mais crítico era o da batata, que vem do Paraná e do sul de Minas.

Em uma semana, o preço do saco de batata subiu mais de 150% no atacado da Ceagesp. Só entre segunda-feira e ontem, a alta foi 35,5%. Luis de Souza, da Catarinense, revenda de batata e cebola, disse que as entradas desses produtos no entreposto caíram 95% nos últimos dias. Com isso, ele só tinha batata para vender até o meio dia desta quinta-feira, 24. "Sou permissionário há 30 anos e nunca vi nada parecido."

Na Central de Abastecimento do Rio de Janeiro (Ceasa), principal polo de distribuição de alimentos do Estado, couve e batata, entre outros produtos, começaram a faltar e os preços dispararam. O saco de 50 quilos de batata, que custava R$ 60, passou a ser negociado a R$ 300, alta de 400%.

A distribuidora Estrela Real, uma das que funcionam na Ceasa do Rio, estava desde segunda, 21 sem receber batata, alho, ovos e cebola. Segundo o gerente Antonio Carlos Vieira, é a pior paralisação desde 1994, quando começou a trabalhar lá.

Além da batata, Godas, da Ceagesp, explicou que os gargalos na entrada de hortifrutigranjeiros já estavam ocorrendo com outros produtos vindos de fora de São Paulo, como mamão e manga da Bahia, melão do Rio Grande do Norte e abacaxi do Tocantins, por exemplo.

Supermercados admitem dificuldade de abastecimento por causa da greve. "Mesmo com o esforço do setor de supermercados para garantir o perfeito abastecimento da população brasileira, identificamos que alguns Estados já começaram a sofrer com o desabastecimento de alimentos e que isso poderá se estender para todo o Brasil nos próximos dias, se algo não for feito", afirmou em nota a Associação Brasileira de Supermercados.

Indústria

Na quarta-feira aumentou a lista de frigoríficos que paralisaram a produção por falta de insumos, de animais para abate e de caminhões para escoar produtos acabados. De manhã, a BRF parou a produção de quatro unidades de abate de frangos e suínos - a empresa informou que outras nove unidades teriam atividades parcial ou totalmente paralisadas até o fim do dia.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes e a Associação Brasileira de Proteína Animal informaram que 129 unidades produtivas de associados de bovinos, suínos e aves estavam paradas na quarta. Com isso, 25 mil toneladas de carnes deixarão de ser exportadas e o prejuízo é de US$ 60 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:CaminhoneirosCombustíveisGrevesIndústriaSupermercados

Mais de Economia

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta