Diretores do BCE realizam na semana que vem sua reunião mensal de política monetária, e a previsão é de que mantenham os juros baixos (Ralph Orlowski/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2012 às 10h56.
Paris - A crise na zona do euro está longe de terminar, e seus membros precisam consolidar seus orçamentos e forjar uma união bancária para tornar o bloco economicamente mais estável, disseram dirigentes do Fundo Monetário Internacional e do Banco Central Europeu na sexta-feira.
Salientando os problemas da zona do euro, dados mostraram que as vendas do varejo na Alemanha e os gastos do consumidor na França caíram mais do que se esperava, e que a inflação teima em se manter na Espanha, provocando aumentos nos gastos previdenciários que complicam ainda mais a situação orçamentária do país.
Mais 173 mil pessoas entraram para a fileira dos desempregados em outubro nos países que têm o euro como moeda. Ao mesmo tempo, a queda na inflação ofereceu um alívio apenas limitado para famílias assoladas pela recessão.
Falando em Paris, o presidente do BCE, Mario Draghi, disse que a crise na zona do euro, iniciada há três anos, deve se prolongar no ano que vem. "Ainda não emergimos da crise", disse ele à rádio Europe 1.
"A recuperação na maior parte da zona do euro certamente irá começar no segundo semestre de 2013... É verdade que a consolidação orçamentária acarreta uma contração de curto prazo da atividade econômica, mas essa consolidação orçamentária é inevitável", acrescentou.
Os diretores do BCE realizam na semana que vem sua reunião mensal de política monetária, e a previsão é de que mantenham os juros baixos, em 0,75 por cento ao ano. Economistas estão divididos sobre o comportamento dos juros europeus no ano que vem.
Draghi salientou que o BCE está disposto a contribuir com a solução da crise por meio da compra de volumes potencialmente ilimitados de títulos soberanos, conforme um plano recém-aprovado para a aquisição de títulos. Mas, até que a Espanha solicite ajuda, um pré-requisito para a intervenção do BCE, essa ferramenta não pode ser usada.
Resistindo à intervenção do BCE, o presidente do Bundesbank (Banco Central alemão), Jens Weidmann, disse na quinta-feira que os BCs europeus já fizeram mais do que o suficiente para combater a crise, e que agora cabe aos governos reformarem suas economias e solidificarem seus setores bancários.
Draghi disse que os governos da zona do euro deveriam se apressar na adoção de uma união bancária total, que evite uma fragmentação do setor.
Essa posição coloca o BCE --que assumiria o papel de fiscalização do setor bancário pan-europeu-- em rota de colisão com a Alemanha. Berlim diz que a supervisão unificada do setor bancário sob a égide do BCE deveria ser aplicada apenas aos maiores bancos do bloco.
Joerg Asmussen, ex-ministro alemão das Finanças e um dos principais negociadores do BCE para a questão da integração bancária, disse na noite de quinta-feira que um órgão de supervisão dos bancos da zona do euro só estará capacitado para operar plenamente a partir de 2014.
Mas a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, pressionou pela rápida implementação da união bancária, com uma supervisão que abranja todas as instituições bancárias da zona do euro.
"A união bancária nos parece ser a prioridade máxima", disse Lagarde durante reunião com autoridades financeiras em Paris. Ela acrescentou que a consolidação orçamentária viria logo em seguida na lista de prioridades.