Economia

Com ajuste, poderá haver redução da taxa de juros, diz Meirelles

"A longo prazo, com a queda da taxa de juro estrutural da economia, as taxas de curto prazo terão variações em patamares menores", diz Meirelles

Meirelles: "não estou falando aqui o que o BC deve fazer", disse o ministro

Meirelles: "não estou falando aqui o que o BC deve fazer", disse o ministro

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de outubro de 2016 às 18h18.

Última atualização em 21 de outubro de 2016 às 18h19.

São Paulo - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta sexta-feira, 21, durante palestra que proferiu em São Paulo que o Banco Central (BC) tem tarefa mais difícil no controle da inflação quando se tem no País uma expansão fiscal.

De acordo com ele, quando a autoridade monetária está tentando conter a expansão fiscal, há certamente custos enormes para a sociedade. Por isso ele defendeu a redução da taxa estrutural de juros, a taxa de equilíbrio, aquela que os economistas chamam de neutra, que diminuirá o risco de problemas fiscais no futuro. Meirelles foi bastante cuidadoso para não ser interpretado como tentando interferir no trabalho do Banco Central.

"Não estou falando aqui o que o BC deve fazer", disse o ministro. Ele fez questão de explicar que juro básico definido pela Selic e a taxa de juro estrutural são duas coisas diferentes no tempo. A taxa básica é aquela fixada a cada reunião do Copom para manter a inflação na meta.

"O que quero dizer é que, a longo prazo, com a queda da taxa de juro estrutural da economia, as taxas de curto prazo terão variações em patamares menores. Mas isso é no prazo mais longo. No curto prazo a decisão do BC vai levar em conta exclusivamente aspectos técnicos de projeções de inflação do próprio Banco Central, expectativas (do mercado) e todos os demais fatores levados em conta por aquela instituição", disse, ressaltando que as duas coisas são bastante diferentes no tempo.

Ele reiterou, no entanto, não haver dúvida de que a longo prazo a quebra estrutural do juro vai beneficiar toda a economia, começando pela taxa de juro paga pelo Tesouro Nacional, reduzindo o risco de insolvência do Tesouro.

Cunha

Meirelles negou que a prisão do deputado federal cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tenha interferência na articulação do governo para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto dos gastos no Congresso Nacional.

"Não acredito que PEC esteja sendo influenciada por fatores políticos ou outros fatores momentâneos. Eu acredito que a PEC está sendo aprovada até o momento, já foi no primeiro turno na Câmara, exatamente pela consciência do Congresso que reflete a consciência da população de que a emenda é necessária para o País", disse o ministro, ao ser questionado sobre a prisão do parlamentar cassado.

Quando perguntado se novas revelações da Operação Lava Jato preocupavam o governo na retomada da confiança econômica, Meirelles respondeu que o que está elevando a confiança são medidas econômicas que estão sendo propostas pelo governo e a noção de que as instituição brasileiras são fortes. "A força das instituições brasileiras se reflete em várias questões, uma delas é a independência do Judiciário, da imprensa, do Congresso e etc. Eu acho que as instituição estão funcionando normalmente e é isso o que mais importa."

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