Reforma: ontem, em uma vitória para o governo, o texto base da previdência foi aprovado com boa margem no primeiro turno de votação na câmara dos deputados (Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2019 às 07h00.
Última atualização em 11 de julho de 2019 às 09h31.
Após uma sessão que se arrastou por todo o dia de ontem e aprovou em primeiro turno o texto base das mudanças nas regras de aposentadoria, a equipe econômica de Jair Bolsonaro já começa pensar os próximos passos de uma agenda pós-previdência.
Nesta quinta-feira (11), o ministro da economia Paulo Guedes fará uma reunião com todos os secretários especiais do governo a fim de delinear novos pacotes reformistas. Entre as prioridades da pasta para o futuro está o estímulo à retomada na geração de empregos e também desinvestimentos por parte do estado.
No rol das alterações que o governo deseja que venham após o término da novela da previdência, está, por exemplo, a revisão do papel das autarquias. Tudo indica que algumas delas poderão ser extintas, fundidas ou incorporadas a outras.
Em entrevistas recentes, Guedes vem afirmando que, depois de implementada a maior e mais importante reforma econômica, outras mudanças irão acontecer: “vamos desinvestir para diminuir o endividamento do governo”, afirmou o ministro sobre a série de privatizações previstas dentro das promessas liberais que elegeram o atual governo.
“Primeiro a Previdência. Vamos aprovar a reforma da Previdência. Segundo, a grande despesa: o estado, os juros. Vamos então reestruturar o balanço e começar o ensaio das privatizações”, disse Guedes.
Além das desestatizações, que na visão do ministro devem começar a engatar a partir do segundo semestre, Guedes também deve propor que o governo se desfaça de uma série de imóveis do estado. Os planos também indicam que bancos públicos passem a diminuir o oferecimento de créditos da União e aumentar o do setor privado.
Outra importante medida que é uma das principais promessas de campanha de Bolsonaro é a retomada na geração de empregos.
Com cerca de 13,2 milhões de desempregados no país, uma taxa de 12,5%, segundo dados do IBGE, Guedes deverá começar a pensar a partir de hoje o que o governo poderá fazer para melhorar o quadro a curto prazo e para além da reforma da previdência.
Ontem, em uma vitória para o governo, o texto base da previdência foi aprovado com boa margem no primeiro turno de votação na câmara dos deputados, mas o projeto ainda precisa passar por um segundo turno nessa casa e em mais dois no Senado.
Dos 308 votos que eram necessários, a base governista obteve 379 favoráveis e 131 contrários as mudanças. Mesmo assim, uma pedra continua no sapato da reforma: os destaques que podem desidratá-la.
Tanto é, que o presidente da câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encerrou a sessão no plenário logo após a contagem dos votos do texto base, mas sem colocar em análise os mais de 20 destaques que pedem mudanças em alguns pontos, como o abrandamento para a aposentadoria de policiais e professores.
Ainda assim, a expectativa é que esses destaques sejam vistos ainda essa semana, pois caso contrário, poderão atrasar a votação do segundo turno na Câmara.
A aprovação do texto-base da reforma da Previdência foi recebida com euforia no Ministério da Economia e aplausos no gabinete do ministro Paulo Guedes, afirmou uma fonte que participou do momento.
Em condição de anonimato, a fonte apontou que o placar de 379 votos a favor da Proposta de Emenda à Constituição foi melhor que a mais otimista das previsões no ministério. Por ser uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) era preciso o voto de pelo menos 308 dos 513 deputados.
Guedes recebeu palmas e retribuiu com “parabéns” aos membros da sua equipe.
Em entrevista, o diretor executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Felipe Salto, disse que outras mudanças na Previdência serão necessárias em menos de 10 anos. Além disso, ele calcula que o texto-base aprovado nesta quarta-feira reduz a economia prevista para R$ 744 bilhões. A proposta do governo previa economia de R$ 1,2 trilhão. Apesar disso, ele entende que foi uma passo importante.
Depois de ser aprovada no primeiro turno, e depois de os destaques serem votados, a reforma da Previdência ainda precisa ser votada mais uma vez pelo plenário.
Entre os dois turnos há um intervalo de cinco sessões do Plenário, mas o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já disse que um acordo está sendo costurado para encurtar esse processo.
Em seguida, os passos serão: votação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, votação no plenário do Senado em turnos e sanção presidencial. No Senado, a PEC precisa ser aprovada por dois terços, ou 49 entre os 81 senadores.