Economia

Coligação de Lula tira revogação de reforma trabalhista de plano de governo

A decisão foi por remover o termo "revogação" da reforma trabalhista feita no governo Temer, como o próprio Lula já havia sinalizado em discursos

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante entrevista à Reuters em São Paulo
17/12/2021 REUTERS/Amanda Perobelli (Amanda Perobelli/Reuters)

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante entrevista à Reuters em São Paulo 17/12/2021 REUTERS/Amanda Perobelli (Amanda Perobelli/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de junho de 2022 às 07h06.

Os partidos que formam a coligação de apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegaram a um acordo sobre a prévia do programa de governo do petista. A decisão foi por remover o termo "revogação" da reforma trabalhista feita no governo Temer, como o próprio Lula já havia sinalizado em discursos. Além disso, os partidos decidiram ampliar o aceno aos policiais e o trecho que trata da proteção do meio ambiente - este último, movido pela repercussão e comoção do desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, na Amazônia.

Na semana passada, o documento com 90 propostas iniciais para o programa, tratou da revogação da reforma trabalhista. Apoiadores da campanha de Lula, no entanto, demonstraram descontentamento com a previsão, que foi incluída para atender pressões internas do PT e do PSOL.

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Agora, a nova redação do projeto usa como base um documento elaborado pelas centrais sindicais durante a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat) deste ano. Além de falar em abrir mesa de negociação e fortalecer sindicatos, os partidos optaram por tratar o assunto como revogação das "medidas regressivas" da reforma trabalhista - e não da reforma como um todo.

Na última semana, petistas se reuniram com sindicatos e aliados para receber sugestões de emendas e substitutivos do texto. O texto final deve ser divulgado no dia 21. Então, passará por uma plataforma online para sugestões da sociedade.

Gleisi Hoffmann: ‘O verbo usado é o que menos importa’

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, minimizou a polêmica sobre a questão trabalhista. Segundo a dirigente, "o verbo usado é o que menos importa". "Revogar ou revisar são verbos equivalentes. Para rever uma legislação ao final tem de revogar as disposições em contrário. Essa celeuma em relação à reforma trabalhista é fumaça. Não ajuda na solução do problema que temos hoje, desemprego e baixa renda", disse Gleisi no domingo, antes, portanto, do acordo entre os partidos da coligação.

A nova prévia do programa também avançou no debate sobre segurança pública. A valorização de policiais já era prevista no texto anterior, mas agora incorporou sugestões de profissionais de segurança, apresentadas pelo PSB. As diretrizes incluirão previsões para a modernização das instituições de segurança e das carreiras policiais. Durante a campanha, Lula cometeu uma gafe ao falar que Bolsonaro "não gosta de gente, ele gosta de policial".

Criticado por adversários e cobrado pela corporação, corrigiu-se no dia seguinte e pediu desculpas. Lula disse que, na verdade, queria dizer que Bolsonaro gosta "de milicianos" e afirmou que policiais "salvam muita gente" e devem ser tratados como trabalhadores.

Os partidos também aderiram sugestões da Rede, PSOL e PV para ampliar a proteção ambiental no projeto. "O desaparecimento do Bruno e do Dom impactou muito no debate", disse o representante da Rede na reunião desta terça-feira, 14, Pedro Ivo Souza Alcântara, sobre as alterações na área ambiental.

Petistas e aliados, segundo ele, querem criar uma Força Nacional ou um órgão dentro da Força Nacional para o combate a crimes ambientais. "Está muito presente, inclusive retomar, porque estão sendo desmontados o sistema do meio ambiente e a Funai", afirma.

Uma das propostas que devem ser levadas adiante é a promessa de alcançar um índice zero de "desmatamento líquido" da Amazônia. "Isso quer dizer que vai recompor e reflorestar, coibindo o desmatamento, vai zerar progressivamente o desmatamento", diz.

Marina declara apoio a Haddad em São Paulo

Além de ter uma cadeira na coordenação e na costura do plano de governo de Lula, a Rede tem buscado um alinhamento maior com petistas. Neste fim de semana, a ex-ministra Marina Silva declarou apoio à candidatura de Fernando Haddad (PT) ao governo estadual de São Paulo. O petista quer que Marina seja sua vice, mas ela pode acabar disputando a Câmara em São Paulo.

A comissão formada por representantes do PT, PCdoB, PV, PSB, PSOL, Rede e Solidariedade fechou o acordo nesta terça-feira, depois de analisar 124 emendas apresentadas ao texto original, divulgado há uma semana.

Lula e Alckmin ainda analisarão o novo documento, com as propostas atualizadas, para lançar oficialmente na semana que vem as diretrizes programáticas da campanha. A ideia do PT é fazer a divulgação com um evento com participação dos dois, além de presidentes de partidos, representantes da sociedade civil, movimentos sociais, centrais sindicais e ambientalistas.

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