Economia

Indústria espera para este ano pior PIB desde 2009, diz CNI

A CNI revisou a estimativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB) geral da indústria para 2014, ampliando previsão de retração de 0,5% para 1,7%


	Indústria: CNI também estimou em 0,5% o potencial de crescimento do PIB do país neste ano
 (Getty Images)

Indústria: CNI também estimou em 0,5% o potencial de crescimento do PIB do país neste ano (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2014 às 17h04.

Brasília - O desempenho de julho deu um respiro para a indústria com aumento na quantidade de horas trabalhadas (2,6%), no faturamento real das empresas (1,2%) e no nível de utilização da capacidade instalada (alta de 0,6 ponto porcentual).

Na comparação com junho, o setor apresentou alguns dos melhores números em meses, segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 04, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Mas o oxigênio do pós-Copa, quando os feriados reduziram o ritmo de jogo da atividade produtiva, não deve bastar para a indústria recuperar o fôlego e reverter a tendência de retração.

"Mesmo com o crescimento das horas trabalhadas na produção, do faturamento e do uso do parque fabril, o quadro da indústria ainda é de desaquecimento", registrou a entidade.

A CNI revisou a estimativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB) geral da indústria para 2014, ampliando previsão de retração de 0,5% para 1,7%.

É a pior projeção para o segmento desde 2009, quando a crise internacional derrubou o PIB industrial em 5,6%.

Já para o PIB apenas da indústria de transformação, a estimativa é de que haja um recuo de 2,5%.

"Temos uma expectativa, para 2014, de um resultado negativo para a atividade industrial", ressaltou o gerente-executivo de Política Econômica da entidade, Flávio Castelo Branco.

A CNI também estimou em 0,5% o potencial de crescimento do PIB do país neste ano. "A gente vê claramente um desempenho da economia como um todo contido.

Os fatores são a elevada incerteza, dificuldades associadas à seca e estiagem, que tem impacto sobre o custo da energia, e o aperto monetário com o ciclo de alta nos juros", avaliou.

Emprego

A retração seria o resultado do aumento na taxa básica de juros, agora estabilizada com a Selic em 11% ao ano, juntamente com incertezas em relação à economia diante da disputa pelo Palácio do Planalto e a seca que afeta o desempenho do setor elétrico.

Esse quadro, segundo Castelo Branco, "está minando a confiança dos empresários em relação a investimentos".

A expectativa negativa se estende para a contratação de trabalhadores. O nível de emprego apresentou, em julho, o quinto mês consecutivo de queda.

A massa salarial real paga pela indústria aos trabalhadores também pontuou a quinta queda seguida, puxada pelo quadro de estagnação na economia.

"O ritmo de crescimento não gera mais dinamismo no nível de emprego na indústria", afirmou.

Eleições

O gerente da CNI se disse confiante em uma melhora da economia para 2015, a partir da decisão das eleições em outubro.

"O quadro político eleitoral tende a travar algumas decisões, principalmente investimentos (das empresas). Dada a definição do quadro, começa a aparecer o novo cenário para 2015. Creio que esse cenário tende a ser levemente melhor. Talvez um pouco difícil no começo, mas, a medida que o ano avance, os efeitos mais positivos aparecerão", disse.

Este cenário, segundo Castelo Branco, deve ocorrer independentemente de qual dos três principais postulantes ao Planalto vença a corrida presidencial - Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT) ou Marina Silva (PSB).

"Eles (candidatos) já sinalizaram que alguma mudança vai ocorrer na condição da economia, uns mais outros menos. Mas a gente precisa ter definições mais claras de como, de fato, serão essas mudanças e o tempo delas. Se fala muito de reforma tributária, mas qual o tempo dessa reforma? Quando ela vai começar a ter impacto? O primeiro impacto é de expectativa e acho que esse já deve ser sentido um pouco com a definição do quadro eleitoral", indicou.

Acompanhe tudo sobre:CNI – Confederação Nacional da IndústriaDesempenhogestao-de-negociosPIBPIB do Brasil

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo