Economia

CNI diz que enfraquecer Mercosul é favorecer a China após fala de Guedes

Segundo a entidade, pequenas e médias empresas que exportam para os países do Mercosul serão as mais afetadas caso haja um enfraquecimento do bloco

Mercosul: equipe de Bolsonaro tem criticado bloco como se nada tivesse acontecido desde o governo de Dilma Rousseff (Reprodução/Wikimedia Commons)

Mercosul: equipe de Bolsonaro tem criticado bloco como se nada tivesse acontecido desde o governo de Dilma Rousseff (Reprodução/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de outubro de 2018 às 17h43.

Brasília - O novo governo do Brasil precisa priorizar e fortalecer o Mercosul, sob pena de favorecer ainda mais as exportações da China. Esse é o alerta feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em nota divulgada nesta terça-feira, 30.

Na noite de domingo, 28, o indicado para ministro da Economia do novo governo, Paulo Guedes, afirmou que o Mercosul não será uma prioridade. Ele também já indicou que reduzirá as tarifas de importação, abrindo o mercado brasileiro.

"Se o governo brasileiro não der prioridade ao Mercosul, ou ainda pior, se reduzir a Tarifa Externa Comum de forma unilateral, o único ganhador é a China, que já vem tomando o mercado brasileiro em toda a América do Sul", diz a nota divulgada pela CNI. "Pequenas e médias empresas, que exportam mais para esses países, serão as mais afetadas."

A CNI lembra que a Constituição Federal estabelece, em seu artigo 4º, os princípios de atuação do Brasil nas relações internacionais. Entre eles, está a integração econômica dos países da América Latina. Em seu discurso após a divulgação do resultado das urnas, Jair Bolsonaro repetiu que obedecerá à Constituição. A entidade da indústria defende o fortalecimento do Mercosul e o aprofundamento da agenda de integração regional. "O bloco é um complemento do mercado doméstico brasileiro e é o destino de exportação no qual a indústria tem maior participação", diz a nota.

Entre as propostas para a área elaboradas pela CNI e entregues aos presidenciáveis durante a campanha eleitoral, é sugerido que o governo trabalhe em quatro áreas fundamentais: estabilidade macroeconômica; livre circulação e integração intrabloco, com inclusão de açúcar e automóveis no livre mercado; política comercial frente a terceiros e agenda externa de acordos; e o aprimoramento institucional do bloco.

"O Mercosul ficou uma década sem avançar na agenda econômica", diz a CNI. Mas a entidade nota que as negociações foram concretamente retomadas em 2017, com a introdução dos acordos de compras governamentais e facilitação e proteção de investimentos no âmbito do bloco.

Em sua edição desta terça, o jornal O Estado de S. Paulo traz artigo do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, relatando a retomada da agenda econômica do Mercosul.

Na equipe de Bolsonaro, o bloco vem sendo criticado como se nada tivesse acontecido desde o governo de Dilma Rousseff, o que não é verdade.

A nota da CNI defende as relações do Brasil com os sócios no Mercosul, principalmente a Argentina. "É para onde o Brasil exporta produtos de alto valor agregado e onde possui diversas multinacionais", diz a nota. "Além disso, o setor automotivo brasileiro é integrado em cadeia de valor com o setor automotivo argentino."

Acompanhe tudo sobre:ChinaExportaçõesJair BolsonaroMercosulPaulo Guedes

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto