A pesquisa foi elaborada pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com o instituto alemão Ifo (FGV)
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2011 às 23h48.
Rio de Janeiro - O Índice de Clima Econômico (ICE) da América Latina ficou estável em 5,6 pontos entre abril e julho, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta quarta-feira, e a expectativa é de que as próximas leituras mostrem uma "piora suave" no sentimento.
O resultado de julho aponta para uma estabilidade com viés de queda, avaliou a FGV, que prevê que as incertezas nas grandes potências econômicas globais devem empurrar para baixo o indicador no terceiro trimestre.
"A tendência é de uma piora suave no clima da região, nada catastrófico, diante de uma profusão de notícias ruins", disse a economista da FGV e coordenadora da pesquisa, Lia Valls.
"Isso só não ocorrerá se houver uma grande notícia no horizonte... seria uma surpresa se até a próxima divulgação houvesse um acordo nos Estados Unidos... e um acordo na zona do euro para afastar o temor de uma desintegração do bloco e o anúncio de medidas fiscais austeras", afirmou.
O ICE do Brasil caiu de 5,9 para 5,8 pontos, ficando abaixo da média histórica dos últimos dez últimos anos (6 pontos). A queda se deve à piora no índice da situação atual (ISA) --de 7,2 para 6,8 pontos.
Entre abril e julho, houve queda nos indicadores que medem a percepção sobre os investimentos (de 6,8 para 5,8 pontos) e de consumo (de 7,9 para 7,5 pontos). Ainda, as expectativas para investimento e de consumo nos seis meses seguintes registraram valores abaixo de cinco pontos, nível considerado desfavorável.
Recente turbulência nos mercados
O resultado de julho, equivalente ao segundo trimestre, não captou a recente turbulência nas bolsas mundiais provocada pelo corte no rating norte-americano pela agência de classificação de risco Standard and Poor's. O rebaixamento da nota dos Estados Unidos deve ser mais um componente de pressão sobre o índice de clima econômico da América Latina no terceiro trimestre.
Valls destacou que fatores externos como a crise fiscal europeia e o racha político no Congresso norte-americano vão inevitavelmente se refletir na América Latina.
"A região não é descolada do mundo. Como o mundo está com tendência de piora, a América (Latina) cai devagarzinho, mas acompanhado o cenário mundial", disse.
"Os canais de contaminação da América Latina são vários. O menor crescimento do mundo reduz as exportações desses países (e) afeta também preços de commodities exportadas por esses países. Outro canal é, se houver uma grande turbulência mundial, haverá menos entrada de capital dos países e impacto na conta de capital", acrescentou.
A economista apontou que, além da incerteza internacional, o Brasil ainda enfrenta problemas internos, como a valorização do real sobre o dólar e o risco político provocado pelos recentes escândalos em ministérios.
A pesquisa foi elaborada pela FGV em parceria com o instituto alemão Ifo.