O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, quer uma nota mais alta para o Brasil (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2011 às 15h40.
Campos do Jordão, SP - O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, disse hoje que o padrão fiscal e de gestão macroeconômica do País não condiz com as notas de rating soberano que possui. "Não faz sentido a classificação de risco do Brasil em relação a seus pares, que especialmente possuem níveis de dívidas muito mais elevados." A dívida pública bruta do Brasil hoje está pouco abaixo de 55% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto na Itália equivale a cerca de 120% do PIB.
Holland afirmou, durante o 5º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, da BM&FBovespa, que o Brasil "não está sobreaquecido e que a inflação convergirá à meta". Segundo ele, "não há bolha do mercado imobiliário e de crédito no País. A economia brasileira está em acomodação."
Manifestando-se otimista, mas não ufanista, com as perspectivas do Brasil, Holland destacou que o País tem condições de manejar de acordo com a necessidade seus instrumentos de política macroeconômica, como fiscal e monetário, condição de que os países centrais hoje não dispõem. "Podemos alterar o mix de política econômica agora, se for preciso", disse. Ele ressaltou que o governo Dilma manterá o controle fiscal e que a meta de superávit primário cheia será entregue.
Câmbio
Embora reconheça que a política cambial é influenciada pelo desempenho das moedas de outros países, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda afirmou que "não podemos deixar o câmbio apreciar". O governo tem manifestado, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e pela presidente Dilma Roussef, que o câmbio excessivamente apreciado é deletério às empresas nacionais, sobretudo às indústrias, e isso pode prejudicar a geração de emprego no País.
Questionado sobre a importância de medidas de controle de capitais, Holland disse que desde a crise de 2008 várias ações se tornaram instrumentos de política econômica, contando, inclusive, com respaldo teórico de acadêmicos renomados como Olivier Blanchard, economista chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Mas o governo não pode controlar a moeda dos outros", afirmou, ressaltando que pouco pode ser feito quando autoridades de outros países mantêm suas moedas propositalmente fracas na tentativa de fortalecer suas exportações e melhorar o desempenho do nível de atividade de suas nações.
Um dos componentes que colabora para tais depreciações competitivas de moedas pelo mundo são, segundo Holland, políticas de afrouxamento quantitativo que estão sendo adotadas por Estados Unidos e Reino Unido.