Foi descoberto vestígios do carbendazim no final de janeiro (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2012 às 16h47.
São Paulo - O Brasil poderá embarcar suco de laranja concentrado e congelado para os Estados Unidos praticamente sem resíduo de carbendazim em cerca de seis meses, ante estimativa inicial de 18 meses, disse presidente da associação que reúne a indústria.
A descoberta de vestígios do carbendazim no final de janeiro, fungicida proibido nos EUA, levou o país a barrar inúmeros carregamentos de suco de laranja concentrado e congelado (Fcoj, na sigla em inglês) proveniente do Brasil.
Em fevereiro, a indústria pediu ao órgão regulador para alimentos e saúde dos Estados Unidos (FDA) 18 meses para erradicar o uso de carbendazim nos pomares brasileiros, considerando que durante o período o Brasil poderia embarcar o suco com níveis acima dos permitidos pelos EUA. Mas o pedido foi negado pelo órgão.
"Boa parte do suco dos pomares próprios da indústria já sai praticamente sem (traço do fungicida)... talvez em seis meses, já poderemos vender o Fcoj com praticamente zero de carbendazim", disse Christian Lohbauer, presidente executivo da CitrusBR, que representa os exportadores.
Cerca de 40 por cento dos pomares do país são das indústrias.
Ele disse que o Fundecitrus, órgão no qual são feitas as atualizações sobre que tipos de substâncias os produtores podem aplicar nos pomares, já removeu o carbendazim de sua lista. A medida deve ser aplicada pelos produtores, como já foi adotada pela indústria em seus pomares próprios.
O impasse em relação ao vestígio do carbendazim no suco brasileiro fez os importadores dos EUA interromperem as compras no período. Em fevereiro, o Brasil não exportou nenhuma tonelada de suco aos norte-americanos.
No primeiro trimestre deste ano, as exportações brasileiras de suco de laranja para os EUA caíram 15 por cento, para 18 mil toneladas de (Fcoj equivalente), contra 21 mil toneladas em igual período de 2011, informou a CitrusBR.
Em março, o Brasil exportou 8,4 mil toneladas de Fcoj equivalente para os EUA, ante 7,1 mil toneladas de mesmo período do ano passado.
Sobre o incremento em março, Lohbauer considera que pode ser reflexo dos ajustes de contratos, com exportadores vendendo o suco de laranja não-concentrado (NFC) aos EUA.
Pelo NFC não ser concentrado, é mais difícil ser detectado o fungicida carbendazim proibido nos EUA - no suco concentrado, a chance de se registrar o agroquímico é muito maior, e as vendas desse tipo produto têm sido evitadas.