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Da Redação
Publicado em 21 de outubro de 2014 às 13h23.
São Paulo - Chuvas registradas nas últimas horas em Mato Grosso permitiram uma tímida retomada do plantio de soja, mas agricultores dizem que os volumes ainda são pequenos para compensar a seca do mês de outubro que já ameaça o potencial da nova safra.
Segundo dados da Somar Meteorologia, choveu 7 milímetros em média na segunda-feira no sul de Mato Grosso, na primeira precipitação deste mês na região. No centro do Estado, os volumes atingiram 18 milímetros.
"Na maior parte do município não choveu. Mas onde choveu, o pessoal retomou os trabalhos", disse o produtor Alex Utida, presidente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, no oeste de Mato Grosso.
Em Lucas do Rio Verde, um dos municípios com as maiores extensões de lavouras do Estado, choveu no domingo e na segunda-feira, contou o presidente do Sindicato Rural do município, Carlos Simon.
"Alguma coisa começou a plantar de novo. Cerca de 15 por cento da área deve estar plantada. Mas vai ter bastante replante", disse ele, referindo-se às áreas semeadas ainda em setembro e que pereceram sob o calor forte das últimas semanas.
"Dentro do município, não é chuva generalizada. É um reinício tímido", disse Simon.
Na região de Sinop, as chuvas não foram suficientes para animar muitos produtores a colocar as máquinas de plantio novamente no campo.
"Conversei com bastante gente, e muitos estão parados esperando para ver o que vai acontecer", disse o vice-presidente do Sindicato Rural do município, Leonildo Bares.
Segundo ele, houve chuvas esparsas, de 15 a 30 milímetros, que garantiram umidade de solo para realização de plantio por um ou dois dias, em algumas áreas do município.
Dos 7 a 8 por cento de área plantada anteriormente, Bares estima que praticamente tudo terá que ser replantado.
Segundo a Somar, uma frente fria no Sudeste organiza mais chuvas sobre o Brasil Central nos próximos dias, embora com precipitações ainda irregulares.
"Entre os dias 26 e 30 de outubro, as chuvas voltam a se espalhar sobre todo o Brasil, com o avanço de outra frente fria pelo Sul e Sudeste", disse a Somar, em relatório nesta terça-feira.
O plantio de soja em Mato Grosso --que representa cerca de 30 por cento da produção do Brasil, maior exportador mundial de soja-- avançou pouco nas últimas semanas. O trabalho estava concluído em 9,3 por cento da área até a semana passada, contra 27,4 por cento registrados um ano atrás.
RISCOS Os produtores temem que o período prolongado de seca tenha implicações para o potencial da nova safra de soja do Estado, que segundo estimativa feita em agosto pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) deverá atingir um recorde de 27,7 milhões de toneladas.
Para Alex Utida, o atraso no plantio prejudicará o rendimento das plantas.
"A genética das variedades que usamos alcança o máximo da sua produtividade se for feito plantio no mês de outubro", disse.
A colheita poderá avançar até abril, algo muito incomum em Mato Grosso, ressaltou Carlos Simon, de Lucas do Rio Verde.
"Pega o período crítico de ferrugem asiática lá na frente... A incidência de ferrugem será maior do que na soja colhida no início da safra. Vai ter mais custo de fungicidas", disse o agricultor.
Na avaliação dos produtores, outro problema deverá ser a janela para o plantio de uma segunda safra de milho, logo após a colheita da soja. Com o atraso, dizem, já há muitos indicativos de que serão perdidas as condições ideais para a semeadura do cereal.