Manifestante cipriota mostra cartaz onde se lê "Tirem as mãos do Chipre", em frente ao Parlamento em Nicósia (Patrick Baz/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de março de 2013 às 12h38.
Nicósia - Para salvar a economia do Chipre, o presidente Nicos Anastasiades tem pela frente uma "tarefa muito difícil", disse um porta-voz do governo, no momento em que ele busca impedir de última hora em reuniões em Bruxelas, neste domingo, que o país descambe para a derrocada financeira.
Apesar de o Chipre enfrentar na segunda-feira o risco de colapso de seu sistema bancário e sua potencial saída da zona do euro, as negociações em Nicósia para formatar um acordo de resgate da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional terminaram sem acordo.
Depois da reunião, Anastasiades partiu em um jato particular para Bruxelas, enviado pela Comissão Europeia, para que ele tome parte de conversações com líderes do FMI, da UE e do Banco Central Europeu antes de um duro encontro de ministros das Finanças da zona do euro às 18h locais (14h em Brasília).
O presidente e sua equipe têm uma "tarefa muito difícil para conseguir salvar a economia cipriota e evitar uma quebra desordenada se não houver nenhum acordo final para um empréstimo", afirmou o porta-voz.
Numa evidência da gravidade da posição do Chipre, o chefe de Assuntos Econômicos do bloco europeu, Olli Rehn, disse que sobraram agora "apenas duras opções" para a mais recente vítima da crise na zona do euro.
O ministro francês das Finanças, Pierre Moscovici, expressou a situação de modo mais direto: "Para todos aqueles que dizem que nós estamos estrangulando um povo inteiro... Chipre é uma economia-cassino que estava à beira da falência", declarou ele à TV Canal Plus.
Depois que as negociações terminaram nas primeiras horas de domingo em Nicósia, o governo emitiu um comunicado dizendo que as conversações estavam em "uma fase muito delicada" e que os prazos eram muito apertados.
O tom do governo mudou depois das expressões iniciais de otimismo cauteloso durante dias de negociações intensas entre líderes cipriotas e autoridades da UE, do FMI e do BCE.
O superdimensionado setor bancário cipriota foi prejudicado por sua ligação com a Grécia, também em crise. A UE diz que a ilha, situada no leste do Mediterrâneo, tem de arrecadar 5,8 bilhões de euros por si própria antes de poder receber um pacote de ajuda de 10 bilhões de euros.
Se não houver um acordo até o fim da segunda-feira, o BCE afirma que cortará os fundos de emergência aos bancos cipriotas, o que poderá provocar um colapso no setor e potencialmente empurrar o país para fora da zona do euro.
Anastasiades, um líder conservador que está há apenas cerca de um mês no poder e enfrenta a pior crise no país desde que a invasão turca dividiu a ilha em duas partes, em 1974, deve reunir-se com os líderes da UE, BCE e FMI em Bruxelas, na Bélgica.
Com dificuldade para obter recursos, as autoridades disseram ter concordado com um imposto único sobre depósitos bancários acima de 100 mil euros, numa dramática reviravolta, já que cinco dias antes os deputados rejeitaram iradamente uma proposta similar, que classificaram como "roubo bancário".