Pessoas aguardam em fila para usar um caixa-eletrônico do lado de fora de uma agência fechada do Banco do Chipre, em Nicósia (Yorgos Karahalis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2013 às 09h54.
Nicósia - O governo do Chipre propôs nesta terça-feira poupar pequenos depositantes de um imposto sobre depósitos bancários numa tentativa de última hora de ganhar o apoio parlamentar para um resgate internacional e evitar o calote e um colapso bancário.
A perspectiva ainda é de que os parlamentares rejeitem o imposto, segundo um porta-voz do governo, levando um dos menores Estados europeus para mais perto da especulação financeira com potenciais consequências severas para o resto da problemática zona do euro.
O anúncio no final de semana de que o Chipre iria quebrar com práticas anteriores e impor um imposto sobre as contas bancárias como parte do resgate de 10 bilhões de euros da União Europeia (UE) deixou os cipriotas furiosos e agitou os mercados financeiros europeus.
Atordoados pela reação e temendo rejeição dos parlamentares cipriotas, os ministros das Finanças da zona do euro pediram a Nicósia na segunda-feira que evitem atingir contas com menos de 100 mil euros, e que levante os exigidos 5,8 bilhões de euros com impostos mais altos em contas maiores.
No entanto, o governo cipriota só andou parte do caminho. Um esboço de lei revisado visto pela Reuters descartaria valores inferiores a 20 mil euros, taxaria em 6,75 por cento quantias entre 20 mil e 100 mil euros e manteria em 9,9 por cento a taxa sobre depósitos acima desse nível.
O presidente do banco central do Chipre afirmou que a nova estrutura irá levantar menos do que a quantidade exigida pelos parceiros da zona do euro e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como uma contribuição para resgatar o abalado setor financeiro da ilha.
Não estava claro como o governo pretende preencher a lacuna de financiamento, mas o ministro das Finanças da França, Pierre Moscovici, afirmou que a zona do euro pode não fazer mais empréstimos ao Chipre, uma vez que a dívida do país se tornaria inadministrável.
"Acima de 10 bilhões de euros nós entramos num tamanho de dívida que não é sustentável", disse Moscovici a repórteres em Paris.
A aprovação da lei na câmara de 56 membros, onde nenhum partido tem maioria, parece improvável e não está claro se a votação realmente acontecerá nesta terça-feira caso os líderes estejam certos de que ela seja rejeitada.
"Parece que ela não será aprovada", disse o porta-voz do governo cipriota Christos Stylianides à rádio estatal.
A Câmara dos Deputados deve se reunir às 13h, horário de Brasília. A rejeição à medida vai efetivamente bloquear um resgate que o Chipre precisa para manter seus bancos vivos e os pagamentos pelo governo de salários e programas de bem estar social.