Parlamentares levantam as mãos para votar contra um controverso projeto de lei que taxaria depósitos em Nicósia, Chipre (Yiannis Nissiotis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2013 às 13h26.
Nicósia - O ministro das Finanças do Chipre, Michael Sarris, pediu ajuda à Rússia nesta quarta-feira para evitar um colapso financeiro, depois que o Parlamento da ilha rejeitou os termos do resgate europeu, aumentando o espectro de um default iminente e de uma falência bancária.
Sarris disse que não chegou a um acordo sobre o financiamento com o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, mas que as negociações estavam em andamento.
Autoridades cipriotas revelaram que o ministro de Energia do país também está em Moscou, supostamente para uma exposição de turismo. O Chipre encontrou grandes reservas de gás em suas águas próximas a Israel, mas ainda não as desenvolveu.
"Tivemos uma discussão bastante honesta, destacamos como a situação é difícil", disse Sarris a repórteres após negociações com Siluanov. "Agora continuaremos nossa discussão para encontrar a solução com a qual esperamos receber algum apoio." "Não houve ofertas, nada concreto", disse ele.
O Chipre pediu à Rússia uma extensão de cinco anos do empréstimo existente de 2,5 bilhões de euros que vence em 2016, e a redução da taxa de juros de 4,5 por cento. Sarris disse a repórteres em Moscou que ele discutiu "coisas além disso".
O ministro das Finanças da Áustria deixou claro que o Banco Central Europeu (BCE) pode em breve parar de ajudar os bancos cipriotas, depois que o Parlamento da ilha refutou as demandas da União Europeia (UE) de criação de um imposto sobre depósitos bancários para levantar 5,8 bilhões de euros.
Nem um único parlamentar votou a favor de um imposto proposto sobre as contas bancárias, muitas delas detidas por russos e outros estrangeiros, embora deixe de lado poupadores pequenos com menos de 20 mil euros no banco.
Foi a primeira vez que uma legislatura nacional rejeita as condições de assistência da UE, depois de três anos em que Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália aceitaram medidas de austeridade amargas para garantir ajuda.
A rejeição da condição essencial para o resgate de 10 bilhões de euros colocou o bloco monetário de 17 países em águas desconhecidas, com o risco de um contágio financeiro em outros Estados-membros problemáticos.
No entanto, a UE tem a tradição de pressionar países menores a votar novamente até conseguirem o resultado desejado.
"Plano B"
O presidente do Chipre, Nicos Anastasiades, há cerca de um mês no cargo, encontrou líderes de partidos e o presidente do banco central em seu Gabinete. O porta-voz do governo Christos Stylianides disse que um "plano B" estava sendo desenvolvido.
"Uma equipe de tecnocratas foi ao banco central para discutir um plano B relacionado ao financiamento e redução da quantia de 5,8 bilhões de euros", disse ele a repórteres durante intervalo de reunião com líderes de partidos. Ele não elaborou o assunto.
Anastasiades também irá participar de uma reunião de Gabinete e conversar com autoridades da chamada "troika", grupo de credores internacionais composto pela UE, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).
Entre os decisões esperadas mais urgentes estava se o governo irá permitir que os bancos sejam reabertos como planejado na quinta e sexta-feiras, ou se irá mantê-los fechados até a semana que vem com esperanças de uma solução. O vice-presidente do BC Spyros Stavrinakis disse que nenhuma decisão foi tomada.