Economia

China resiste à guerra comercial em julho com aumento das exportações

As sanções americanas pretendiam penalizar a China, mas intensificaram a desvalorização do iuane, que registrou a menor cotação em meses em relação ao dólar

Trump acusa a China de concorrência desleal e roubo de tecnologia (Rawpixel/Thinkstock)

Trump acusa a China de concorrência desleal e roubo de tecnologia (Rawpixel/Thinkstock)

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AFP

Publicado em 8 de agosto de 2018 às 11h37.

Última atualização em 8 de agosto de 2018 às 11h39.

A China registrou uma alta das exportações maior do que a esperada em julho e seu excedente comercial com os Estados Unidos teve uma leve queda, dois sinais de que as tarifas impostas por Washington aos produtos chineses têm um impacto limitado até o momento.

O país asiático registrou no mês passado um excedente de 28,09 bilhões de dólares no comércio com os Estados Unidos, muito próximo do recorde de 28,9 bilhões (cifra revista) estabelecido em junho, segundo a Alfândega do país.

O excedente colossal, que aumentou 11% na comparação com julho de 2017, "não ajudará a acalmar a escalada de tensão entre as duas potências em plena guerra comercial", explica Betty Wang, do banco ANZ.

Estes são os primeiros valores sobre o comércio entre os dois países desde que Washington começou a aplicar, no início de julho, tarifas de 25% sobre 34 bilhões de dólares em produtos importados chineses.

O presidente americano, Donald Trump, que acusa a China de concorrência desleal e roubo de tecnologia, espera desta maneira frear o desequilíbrio do comércio bilateral. Pequim respondeu com tarifas de importação no mesmo valor sobre produtos dos Estados Unidos.

"As exportações chinesas para os Estados Unidos registraram leve desaceleração, o que sugere um certo impacto das tarifas americanas", reconhece Julian Evans-Pritchard, da empresa Capital Economics.

"Mas tem poucos efeitos no momento sobre o crescimento geral do comércio exterior da China", explica.

Com o restante do mundo, as exportações da China registraram alta de 12,2% em julho em ritmo anual.

Apesar da tendência de redução das exportações para União Europeia e Estados Unidos, os dois principais sócios da China, o movimento foi de aceleração no caso dos mercados em desenvolvimento, aproveitando a drástica desvalorização da moeda chinesa.

Ironia do destino: as sanções americanas, que pretendiam penalizar Pequim, intensificaram a pressão de desvalorização do iuane, que registrou a menor cotação em quase um ano em relação ao dólar, algo que, no fim, beneficia os exportadores chineses.

As importações do gigante asiático aumentaram 27,3% em ritmo anual no mês passado, contra 14,1% em junho. Assim, a balança comercial chinesa caiu em julho a 28 bilhões de dólares, contra US$ 41,5 bilhões no mês anterior.

As importações procedentes do Sudeste Asiático, da União Europeia e da Austrália cresceram 30%, 20% e 34%, respectivamente, "o que sugere que a China busca outros fornecedores" fora dos Estados Unidos, destaca Betty Wang.

Mas a opinião geral é de mudança rápida.

"Ainda não vimos o impacto total das tarifas americanas e teremos uma ideia melhor em agosto", adverte Iris Pang, economista da ING, citada pela agência Bloomberg.

Além disso, a crise permanece: Washington confirmou na terça-feira que, a partir de 23 de agosto, aplicará tarifas de 25% sobre outros 16 bilhões de dólares de produtos chineses importados. Pequim promete represálias.

A estratégia "olho por olho" nas tarifas pode ter seus limites, pois a China importa quase quatro vezes menos do que exporta para os Estados Unidos.

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