Agência de notícias
Publicado em 13 de janeiro de 2025 às 06h15.
Última atualização em 13 de janeiro de 2025 às 09h03.
A China registrou em 2024 um nível recorde de exportações, anunciaram na segunda-feira os meios de comunicação oficiais, antes da chegada de Donald Trump à Casa Branca. Trump ameaçou impor tarifas sobre os produtos do gigante asiático. "O valor das exportações superou pela primeira vez os 25 trilhões de yuans", cerca de US$ 3,58 trilhões, o que representa "um aumento anual de 7,1%", informou a emissora estatal CCTV.
As importações, por sua vez, totalizaram 18,39 trilhões de yuans, cerca de US$ 2,59 trilhões, um aumento anual de 2,3%, acrescentou a CCTV. O superávit resultante de US$ 990 bilhões quebrou o recorde anterior da China, que foi de US$ 838 bilhões, em 2022.
As vendas ao exterior representam um dos poucos pontos positivos no desempenho da segunda maior economia do mundo, que cresce lentamente, prejudicada pelo fraco consumo interno e por uma grave crise no endividado setor imobiliário.
No entanto, essa atividade exportadora está ameaçada pelo retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Durante seu primeiro mandato, ele já havia iniciado uma guerra comercial com o gigante asiático.
Segundo análise o jornal "The New York Times", quando ajustado pela inflação, o superávit comercial da China no ano passado excedeu em muito qualquer outro no mundo no século passado, mesmo as de potências de exportação como Alemanha, Japão ou Estados Unidos. As fábricas chinesas estão dominando a manufatura global em uma escala não experimentada por nenhum país desde os Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial.
O crescimento chinês, ainda segundo o NYT, atraiu críticas de uma lista cada vez maior de parceiros comerciais da China. Países industrializados e em desenvolvimento ergueram tarifas, tentando desacelerar a maré. Em muitos casos, a China retaliou em espécie, aproximando o mundo de uma guerra comercial que poderia desestabilizar ainda mais a economia global, e que tende a escalar com o retorno de Trump.
As exportações chinesas, de carros a painéis solares, têm sido uma bonança econômica para o país. Criaram milhões de empregos, não apenas para os trabalhadores das fábricas, cujos salários ajustados pela inflação quase dobraram na última década, mas também para engenheiros, designers e cientistas de pesquisa de alto rendimento.
Ao mesmo tempo, as importações chinesas de produtos industriais desaceleraram acentuadamente. O país tem perseguido a autoconfiança nacional nas últimas duas décadas, principalmente através de sua política "Made in China 2025", para a qual Pequim prometeu US$ 300 bilhões para promover a manufatura avançada.
A China passou de importar carros para se tornar o maior exportador de carros do mundo, superando Japão, Coréia do Sul, México e Alemanha. Uma empresa estatal chinesa começou a fabricar aviões comerciais de corredor único, na tentativa de substituir os jatos Airbus e Boeing algum dia. As empresas chinesas já produzem quase todos os painéis solares do mundo.