Economia

China planeja déficit orçamentário recorde em 2025, afirma Reuters

Meta reflete esforços de Pequim para impulsionar a economia em meio a desafios internos e externos.

Pequim busca estímulo fiscal com déficit recorde em 2025 para estabilizar o crescimento econômico. (ADEK BERRY/AFP Photo)

Pequim busca estímulo fiscal com déficit recorde em 2025 para estabilizar o crescimento econômico. (ADEK BERRY/AFP Photo)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 10h07.

A China pretende adotar um déficit orçamentário recorde de 4% do PIB em 2025, conforme informações de fontes próximas ao governo, em um movimento para impulsionar o crescimento econômico e enfrentar as pressões fiscais crescentes. A estratégia reflete os esforços de Pequim para equilibrar a recuperação da economia enquanto lida com o enfraquecimento do setor imobiliário, o alto endividamento local e uma demanda interna ainda frágil. As informações são da Reuters.

Caso confirmada, a meta representará um aumento em relação à previsão de déficit de 3,8% do PIB para este ano, estabelecendo um dos maiores déficits registrados nas últimas décadas. A medida sinaliza a disposição das autoridades chinesas de utilizar políticas fiscais mais expansivas para estabilizar o crescimento em meio a uma conjuntura econômica desafiadora.

Expansão fiscal

A decisão ocorre em um cenário de desaceleração econômica agravada por problemas estruturais, como o desempenho fraco do setor imobiliário — anteriormente um motor de crescimento do país. O governo chinês deve recorrer à emissão de títulos soberanos em níveis recordes para financiar investimentos em infraestrutura e programas de estímulo ao consumo, segundo as mesmas fontes.

Além disso, o governo central também deve fornecer mais apoio financeiro às províncias locais, que enfrentam restrições orçamentárias severas após anos de empréstimos elevados para financiar grandes projetos de infraestrutura.

Desafios e riscos

O aumento do déficit ocorre em um momento de pressão global sobre a segunda maior economia do mundo, que enfrenta uma recuperação desigual pós-pandemia. Falta de confiança do consumidor e tensões geopolíticas têm dificultado o crescimento robusto observado nos últimos anos.

Analistas alertam, no entanto, que uma política fiscal tão agressiva pode elevar os riscos de endividamento, especialmente em um momento em que o governo chinês tenta conter o aumento da dívida nos governos locais e empresas estatais. “A expansão fiscal é necessária, mas precisa ser administrada com cautela para evitar um agravamento do endividamento sistêmico”, comentou um economista da área financeira em Pequim.

Projeções econômicas

Espera-se que a China mantenha sua meta de crescimento do PIB em torno de 5% para 2025, uma taxa considerada ambiciosa dado o cenário atual. O estímulo fiscal, aliado a medidas de apoio ao setor privado e políticas de incentivo ao consumo, deve ser a principal ferramenta para sustentar a atividade econômica.

O governo chinês deve apresentar os detalhes do orçamento durante as reuniões do Congresso Nacional do Povo, que acontecem em março do próximo ano. Até lá, as expectativas de maior emissão de dívida e ampliação do investimento público devem continuar influenciando os mercados e as previsões econômicas globais.

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