China: país pede aos membros da Organização Mundial do Comércio que se unam para evitar que os Estados Unidos "destruam" a OMC (Feng Li/Reuters)
Reuters
Publicado em 26 de março de 2018 às 10h08.
Genebra - A China convocou os membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta segunda-feira a se unirem para evitar que os Estados Unidos "destruam" a OMC e pediu que se oponham às tarifas norte-americanas contra o suposto roubo de propriedade intelectual da China.
O enviado de Pequim, Zhang Xiangchen, disse aos delegados do órgão comercial de Genebra que o plano do presidente norte-americano, Donald Trump, de impor tarifas de até 60 bilhões de dólares a produtos chineses violou as regras da OMC. Trump se baseia na Seção 301 do Ato de Comércio de 1974 dos EUA.
"Os Estados Unidos estão estabelecendo um precedente muito ruim ao romper bruscamente seu compromisso com o mundo. Os membros da OMC devem evitar conjuntamente a ressurreição de investigações (baseadas na Seção) 301 e prender essa fera de volta na gaiola das regras da OMC", disse ele.
Investigações unilaterais sob a Seção 301 são fundamentalmente contra as regras da OMC, disse Zhang, acrescentando que Washington se comprometeu, após uma decisão anterior da OMC, a não impor tais tarifas a menos que ganhe o direito de fazê-lo em uma disputa na OMC.
A China está preparada para reagir usando as regras da OMC e "outras formas necessárias", para proteger seus direitos e interesses, disse ele, de acordo com uma cópia de suas observações fornecidas à Reuters.
"O unilateralismo é fundamentalmente incompatível com a OMC, como fogo e água. No mar aberto, se o barco virar, ninguém está a salvo de afogamento. Não devemos ficar parados vendo alguém destruir o barco. A OMC está sitiada e todos nós devemos nos unir para defendê-la".
O governo Trump já foi acusado por vários países de criar uma crise na OMC ao impedir a nomeação de juízes de comércio e ao citar a segurança nacional - tradicionalmente um tabu na OMC - para justificar tarifas mundiais sobre aço e alumínio.
Um representante dos EUA na reunião defendeu a decisão de Trump, dizendo que as estimativas são de que as políticas chinesas de transferência de tecnologia custam às empresas norte-americanas bilhões de dólares anualmente, segundo uma autoridade do comércio.