Economia

China passa o Brasil e se torna principal parceiro comercial da Argentina

Em abril, a Argentina exportou US$ 509 milhões para a China, um aumento de 50,6% ante igual mês de 2019

Presidente chinês, Xi Jinping, está em Brasília para cúpula dos Brics   (Adriano Machado/Reuters)

Presidente chinês, Xi Jinping, está em Brasília para cúpula dos Brics (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de junho de 2020 às 07h14.

Última atualização em 9 de junho de 2020 às 08h33.

Pela primeira vez a China desbancou o Brasil como maior parceiro comercial da Argentina. Em abril, o país vizinho exportou US$ 509 milhões para os chineses principalmente em soja e carne bovina, um aumento de 50,6% ante igual mês de 2019. Para o mercado brasileiro, as exportações somaram US$ 387 milhões, queda de 57,3%. Já as importações continuaram favoráveis ao Brasil, mas os chineses encerram o mês com saldo positivo de US$ 98 milhões no comércio bilateral, e o Brasil teve déficit de US$ 132 milhões.

No acumulado do quadrimestre, contudo, o Brasil comprou mais que o dobro de produtos argentinos se comparado aos chineses e contabiliza saldo positivo de US$ 75 milhões, enquanto o da China é negativo em R$ 1 bilhão, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística da Argentina (Indec).

O resultado de abril pode se manter nos próximos meses, já que a China têm condições de financiar grande parte das compras da Argentina - que passa por grave crise financeira -, ao contrário do Brasil. Soma-se a isso as constantes desavenças entre o governo de Jair Bolsonaro com a China, que pode afetar a relação comercial.

Mesmo sendo um mercado pequeno, a Argentina é atraente para a China "que vai procurar ocupar todos os espaços em todos os mercados", avalia José Augusto de Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Ele ressalta ainda que, no caso das importações, os chineses oferecem descontos de até 75% no valor das mercadorias.

"No curto prazo não tem como reverter isso, pois o custo Brasil continua alto", afirma Castro. "Mas se o Brasil deixar a China colocar seus pés na América do Sul, ela vai ocupar todos os países da região."

O principal produto da balança comercial brasileira com o vizinho são automóveis e componentes, cujos negócios despencaram primeiro por causa da crise argentina e agora em razão da pandemia da covid-19. Além disso, o governo argentino voltou a colocar barreiras burocráticas e atualmente pelo menos 10 mil veículos, a maioria produzida no Brasil, está retida nos portos da fronteira aguardando autorização para entrar em território argentino.

Para Martín Kalos, economista e diretor de EPyCA Consultores, da Argentina, a China deve se consolidar ao longo dos próximos anos como principal destino das exportações argentinas. No caso de abril, contudo, ele ressalta que o Brasil ainda enfrenta problemas para controlar o coronavírus, enquanto a China já passou dessa fase.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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