China: declarações do diplomata chinês acontecem poucos dias depois de seu país estabelecer relações diplomáticas com a República Dominicana em detrimento de Taiwan (Fabrizio Bensch/Reuters)
AFP
Publicado em 7 de maio de 2018 às 19h48.
Última atualização em 7 de maio de 2018 às 19h49.
A presença chinesa na América Latina se deve à busca de benefícios mútuos em matéria econômica, e não à intenção de prejudicar outros países ou regiões, declarou nesta segunda-feira o embaixador da China no Panamá, Wei Qiang.
"A presença chinesa na América Latina não tem, como pensam certas pessoas, agendas escondidas", manifestou Wei durante um fórum organizado pela chancelaria panamenha para analisar o primeiro ano da relação entre Pequim e o país centro-americano.
"Na atualidade, o que a China busca com a sua presença na América Latina é se unir estrategicamente com os países desta região para nos ajudarmos mutuamente, em uma aliança de cooperação Sul-Sul de novo tipo, que nos convenha e que possa nos trazer benefícios recíprocos", acrescentou Wei.
As declarações do diplomata chinês acontecem poucos dias depois de seu país estabelecer relações diplomáticas com a República Dominicana em detrimento de Taiwan, que no último ano perdeu também o Panamá como aliado.
Taiwan, considerado pela China uma província rebelde, tem na América Central a maioria de seus aliados internacionais. Na América do Sul, Taipé só é reconhecido pelo Paraguai.
A China aumentou nos últimos anos sua influência diplomática e comercial na América Latina, região onde os Estados Unidos tiveram uma grande influência sem contrapeso.
Ávida de matérias-primas e serviços, entre 2010 e 2016 a China investiu cerca de 90 bilhões de dólares na região, segundo um relatório de um ano atrás da Rede Acadêmica para a América Latina e o Caribe. Entre 2001 e 2016, os investimentos chineses se concentraram quase 70% no Brasil, Peru e Argentina, segundo esse mesmo documento.
No entanto, segundo a Cepal, a maioria do investimento direto na América Latina - que em 2016 atingiu 167 bilhões de dólares - continua sendo da União Europeia (53%) e Estados Unidos (20%). Só 4% do capital procede do gigante asiático, principalmente em energia elétrica e mineração.
"A última coisa que queremos fazer é prejudicar os laços tradicionais que esta região tem e tampouco queremos prejudicar interesses de nenhuma terceira parte", insistiu Wei, segundo o qual China e América Latina estão "em um mesmo barco no meio de águas um pouco turbulentas".
"Nosso interesse é nos unirmos" para "atingir nossa meta comum de um desenvolvimento compartilhado", concluiu.