Economia

China limita alcance de acordo comercial com EUA

Autoridades chinesas indicam que a gama de tópicos sobre os quais estão dispostas a discutir diminuiu consideravelmente

Liu He: vice-primeiro-ministro chinês vai liderar o contingente chinês durante as negociações que começam na quinta-feira (Alex Edelman/Bloomberg)

Liu He: vice-primeiro-ministro chinês vai liderar o contingente chinês durante as negociações que começam na quinta-feira (Alex Edelman/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 7 de outubro de 2019 às 16h30.

Última atualização em 7 de outubro de 2019 às 16h33.

Autoridades chinesas sinalizam que estão cada vez mais relutantes em fechar um amplo acordo comercial com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante as negociações desta semana que alimentaram expectativas de uma possível trégua.

Em reuniões com representantes dos EUA em Pequim nas últimas semanas, autoridades chinesas indicaram que a gama de tópicos sobre os quais estão dispostas a discutir diminuiu consideravelmente, de acordo com pessoas a par das discussões.

O vice-primeiro-ministro chinês Liu He, que vai liderar o contingente chinês durante as negociações que começam na quinta-feira, disse aos representantes dos EUA que sua oferta a Washington não incluirá compromissos de reforma da política industrial chinesa ou subsídios do governo, alvo de antigas reclamações dos EUA, disse uma das pessoas.

Essa oferta tiraria uma das principais demandas do governo Trump da mesa.

É emblemático do que analistas consideram como um maior poder de fogo da China em um momento quando o governo Trump enfrenta uma crise de impeachment e uma economia em desaceleração que, segundo as empresas, tem origem na instabilidade provocada pelas guerras comerciais do presidente.

Pessoas próximas ao governo Trump dizem que o processo de impeachment não está afetando as negociações comerciais com a China. Qualquer tentativa de retratar algo diferente é uma tentativa de enfraquecer o poder dos EUA na mesa de negociações e isso, argumentam, seria um erro de cálculo dos chineses.

Os ministérios das Relações Exteriores e do Comércio da China em Pequim não responderam imediatamente aos pedidos de comentários por fax na segunda-feira. Espera-se que o governo chinês retome os trabalhos na terça-feira, após o feriado de uma semana em comemoração ao Dia Nacional.

A China - cercada por sua própria crise política em Hong Kong - foi atraída ao furor de Washington depois que Trump pediu na semana passada uma investigação chinesa sobre seu rival democrata Joe Biden e o filho do ex-vice-presidente, momentos depois de ameaçar outra escalada na disputa comercial.

Trump insistiu na sexta-feira que não há nenhum vínculo. No entanto, os comentários mais recentes do presidente sugerem por que os líderes chineses, já frustrados com o que consideram uma conduta impetuosa de Trump nas negociações comerciais, podem ter espaço para tirar vantagem.

A liderança da China “está interpretando a discussão do impeachment como um enfraquecimento da posição de Trump, ou certamente uma distração”, disse Jude Blanchette, especialista em política de elite da China no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

“O cálculo deles é que Trump precisa de uma vitória” e estaria disposto a fazer concessões substanciais como resultado, disse.

Em comunicado divulgado na segunda-feira, a Casa Branca disse que o encontro vai “procurar aumentar o nível das negociações secundárias das últimas semanas. Os tópicos de discussão incluirão transferência forçada de tecnologia, direitos de propriedade intelectual, serviços, barreiras não tarifárias, agricultura e fiscalização. ”

“Acordo muito difícil”

Trump disse repetidamente que aceitaria apenas um acordo abrangente com a China. Pessoas próximas ao presidente dizem que ele permanece firme nessa visão.

“Tivemos bons momentos com a China. Tivemos maus momentos com a China. No momento, estamos em um estágio muito importante em termos de possível acordo “, disse Trump a repórteres na sexta-feira. “Mas o que estamos fazendo é negociar um acordo muito difícil. Se o acordo não for 100% para nós, não vai sair.”

(Com a colaboração de Dandan Li).

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