Economia

China e UE se reúnem para discutir tensões comerciais

A reunião chega em um momento importante tanto para a Europa quanto para a China, em um período de desaceleração econômica mundial

O premiê chinês, Wen Jiabao: as exportações chinesas à Itália recuaram 26%, à França 9,6% e à Alemanha 7,9% (©AFP / Mark Ralston)

O premiê chinês, Wen Jiabao: as exportações chinesas à Itália recuaram 26%, à França 9,6% e à Alemanha 7,9% (©AFP / Mark Ralston)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2012 às 18h21.

Pequim - A União Europeia (UE) e a China iniciarão nesta quinta-feira em Bruxelas uma reunião para discutir questões comerciais e a possibilidade de Pequim estender a mão aos problemas da dívida da Europa, a poucas semanas da chegada ao poder em Pequim de uma nova geração de dirigentes.

A 15ª reunião sino-europeia será a última do primeiro-ministro Wen Jiabao, cuja saída terá um impacto enorme nas relações da China, prevê um diplomata europeu de alto escalão, pois o provável é que a nova equipe se concentre mais nas questões nacionais que nas internacionais. "Por isso, esta não será uma reunião de grandes decisões, mas sim de consolidação das relações", diz a mesma fonte.

A UE abriu mão de celebrar uma coletiva de imprensa ao término da reunião, como seria de praxe.

Wen deixará a direção do Partido Comunista em breve e em março deixará o governo, devido à renovação do poder na China, realizada a cada dez anos.

A reunião chega em um momento importante tanto para a Europa quanto para a China, em um período de desaceleração econômica mundial e em um contexto internacional cada vez mais difícil", segundo um comunicado da UE.

Wen prevê reunir-se com o presidente da UE, Herman Van Rompuy, e com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.

O chefe do governo chinês, que tem representado a China em todas as reuniões realizadas desde 2003, tem "desempenhado um papel importante na consolidação dos laços entre a UE e a China", segundo Barroso.


A UE é o primeiro destino das exportações chinesas e o segundo provedor da China após o Japão. A China é também o segundo sócio comercial da UE, atrás apenas dos Estados Unidos.

"Contudo, esta relação tem se debilitado", disse Jonathan Holslag, do Instituto de Estudos sobre a China Contemporânea de Bruxelas (BICCS).

As exportações chinesas à UE caíram 4,9% este ano no período janeiro-agosto, enquanto que as importações procedentes da UE cresceram 3,1%, segundo a alfândega chinesa.

As exportações chinesas à Itália recuaram 26%, à França 9,6% e à Alemanha 7,9%.

Neste contexto, os chineses serão reticentes e reduzirão as subvenções a suas exportações, que se elevaram a 71 bilhões de euros no primeiro semestre, segundo o BICCS.

No mês passado, Wen Jiabao mostrou sua boa vontade ante a chanceler alemã, Angela Merkel, ao afirmar que apesar da "grave preocupação" sobre a Europa, Pequim continuará comprando dívida pública dos países da UE, mas que irá "avaliar plenamente os riscos".

Os europeus esperam que os chineses utilizem suas colossais reservas em divisas, avaliadas em mais de 3,100 trilhões de dólares.


Contudo, não será adotada nenhuma decisão sobre novas compras de dívida o sobre uma participação chinesa no fundo de ajuda da Zona Euro antes da reunião dos dias 18 e 19 de outubro, "que determinará entre outros assuntos, o destino da Grécia", segundo Holslag.

Ao mesmo tempo, a disputa sobre energia solar ameaça ofuscar este encontro, uma vez que a UE abriu um inquérito anti-dumping (prática que objetiva evitar que os produtores nacionais sejam prejudicados por importações) sobre os fabricantes chineses de painéis solares.

O porta-voz do Ministério chinês de Comércio, Shen Danyang, disse nesta quarta-feira que uma delegação enviada pela China à Europa sobre este assunto obteve "resultados muito positivos".

"A abertura de uma investigação não é um gesto agressivo", disse um diplomata europeu, precisando que ela apenas abre espaço para a discussão e o diálogo.

No plano diplomático, a situação na Síria, onde a China continua se negando a condenar o regime de Damasco, Irã, Coreia do Norte e Afeganistão figuram na agenda das discussões.

No caso da Síria, seria "muito surpreendente" que europeus e chineses conseguissem entrar em um acordo, admitiu um diplomata europeu.

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