Economia

China e EUA retomam diálogo em plena guerra comercial

Depois de adotarem tarifas alfandegárias de bilhões de dólares, representantes dos EUA e da China vão se reunir para debater questões comerciais

A China saúda o diálogo e a comunicação com base na reciprocidade, igualdade e integridade, diz comunicado (Hyungwon Kang/Reuters)

A China saúda o diálogo e a comunicação com base na reciprocidade, igualdade e integridade, diz comunicado (Hyungwon Kang/Reuters)

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AFP

Publicado em 16 de agosto de 2018 às 09h44.

Em plena guerra comercial, Pequim e Washington devem retomar suas negociações, abaladas há semanas, com o envio de um alto funcionário do governo da China aos Estados Unidos.

Desde a sua última reunião de alto nível, as duas potências adotaram tarifas alfandegárias recíprocas de bilhões de dólares, o que aumentou os temores de graves repercussões para a economia mundial.

Agora o diálogo será retomado: o vice-ministro chinês do Comércio, Wang Shouwen, se reunirá com o subsecretário americano do Tesouro encarregado de Assuntos Internacionais, David Malpass, a convite dos Estados Unidos, indicou o ministério em Pequim.

"A parte chinesa reafirma sua rejeição ao unilateralismo e às práticas de protecionismo comercial, e que não aceita qualquer medida unilateral de restrição comercial", explicou o ministério.

"A China saúda o diálogo e a comunicação com base na reciprocidade, igualdade e integridade".

O secretário americano do Comércio, Wilbur Ross, se reuniu em junho, em Pequim, com o vice-premier chinês, Liu He, para abordar questões comerciais. Um mês antes, Liu He se encontrou em Washington com o secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin.

Mas os encontros não contribuíram para reduzir as tensões comerciais.

Medidas e represálias

Depois de impor tarifas de 25% sobre produtos chineses (eletrodomésticos, painéis solares, aço e alumínio) no valor de 34 bilhões de dólares, Washington vai taxar a partir de 23 de agosto outra série de produtos que alcançam o valor de US$ 16 bilhões.

O governo dos Estados Unidos já ameaçou impor direitos alfandegários sobre outras mercadorias chinesas por um valor de 200 bilhões de dólares, o que elevaria US$ 250 bilhões o total de produtos chineses afetados pelas tarifas decididas pelo governo de Donald Trump.

As autoridades chinesas anunciaram em 6 de julho medidas de represália contra importações procedentes dos Estados Unidos totalizando 34 bilhões de dólares, envolvendo especialmente carne de porco e soja, e em 8 de agosto acrescentaram mais 16 bilhões (incluindo carvão, instrumentos médicos e resíduos).

"É difícil dizer que frutos darão estas discussões, mas é um sinal positivo o fato de que os países aceitem uma forma de compromisso", declarou à AFP Makoto Sengoku, analista do Tokai Tokyo Research Institute.

"Não se reuniriam sem estar determinados a solucionar" o problema.

Larry Hu, analista do banco Macquarie, acredita que Pequim e Washington poderiam conversar sobre determinadas concessões por parte da China.

"Os dois países desejam, antes de mais nada, quebrar o gelo. Tentarão calibrar o outro lado, ver até onde conseguem chegar", opina Hu, ao recordar que a reunião será entre funcionários de um nível inferior ao dos encontros anteriores.

As autoridades chinesas afirmam que as tarifas ainda não tiveram impacto sobre a economia, já que suas exportações cresceram mais que o previsto, mas analistas consideram que o efeito desta guerra comercial ficará evidente em agosto.

O presidente americano, Donald Trump, afirmou que guerras comerciais são "fáceis de ganhar" e ameaçou adotar tarifas a quase todas as importações chinesas, o que totalizaria 500 bilhões de dólares, caso Pequim não adote medidas para reduzir o déficit comercial dos Estados Unidos com a China, que foi de 375 bilhões de dólares em 2017, de acordo com Washington.

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