Economia

China e emergentes freiam crescimento mundial, diz FMI

"O Santo Graal de uma expansão global, robusta e sincronizada, fica fora de alcance", resumiu Maurice Obstfeld, o novo economista-chefe do FMI


	Logo do Fundo Monetário Internacional: "O que acontecer com a China afetará todo o planeta", acrescentou Obstfeld. "E os emergentes vão ter problemas"
 (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

Logo do Fundo Monetário Internacional: "O que acontecer com a China afetará todo o planeta", acrescentou Obstfeld. "E os emergentes vão ter problemas" (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2015 às 15h42.

O horizonte da economia mundial está ofuscado: o FMI rebaixou nesta terça-feira as perspectivas globais de crescimento pela desaceleração da China e dos emergentes.

"O Santo Graal de uma expansão global, robusta e sincronizada, fica fora de alcance", resumiu Maurice Obstfeld, o novo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, que celebra sua reunião geral nesta semana em Lima.

De acordo com as projeções do FMI apresentadas nesta terça-feira, o PIB mundial 2015 deve crescer 3,1%, enquanto o de 2016 subirá 3,6%, uma diminuição de 0,2 ponto percentual em relação ao que havia sido estimado em julho.

Depois de crescer 3,4% em 2014, o mundo se prepara para registrar seu pior desempenho desde a recessão mundial de 2009.

Para Obstfeld, "seis anos depois de a economia mundial ter emergido da maior e mais profunda recessão desde o pós-guerra, o retorno de uma expansão profunda e sincronizada continua sendo incerta".

"Em comparação com o ano passado, a recuperação das economias avançadas avançou levemente, enquanto a atividade nas economias de mercados emergentes e em desenvolvimento vai registrar desaceleração pelo quinto ano consecutivo", afirma o FMI em seu relatório sobre perspectivas econômicas mundiais.

Apesar da recuperação de países desenvolvidos, como Estados Unidos e Reino Unido, onde a política monetária provavelmente se endurecerá em breve, a situação é mais incerta na Eurozona e no Japão, assim como na China e nas economias emergentes, responsáveis pelo estímulo do crescimento econômico do mundo durante a crise de 2008 e 2009.

Em um ambiente marcado pela queda dos preços das matérias primas e pelas pressões que as moedas suportam, "se aguçaram os riscos à baixa para as perspectivas, especialmente nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento", acrescentou.

China e Brasil no banco dos réus

As preocupações se concentram na China, a segunda economia mundial e o maior comprador global de matérias-primas, cuja desaceleração econômica não para: crescerá 6,8% em 2015 e 6,3% em 2016, o que significaria seu pior desempenho em 25 anos.

"O que acontecer com a China afetará todo o planeta", acrescentou Obstfeld. "E os emergentes vão ter problemas".

De acordo com o FMI, a desaceleração da China fará com que os países exportadores de "commodities" paguem um alto preço, como é o caso da América Latina e do Caribe, a única região que registrará uma contração em seu PIB neste ano, -0,3%, contra um crescimento estimado de 0,5% que o FMI havia apresentado em seu relatório anterior. No entanto, o continente pode crescer 0,8% em 2016.

Entre os mais prejudicados da América do Sul estará o Brasil, também envolvido em problemas políticos internos, onde a queda do PIB será o dobro do esperado (-3,0% em 2015).

A América Latina também pode ser atingida depois que o Federal Reserve (banco central americano) resolver elevar suas taxas de juros, diante de uma recuperação da economia americana, o que originaria a saída de capitais de nacionais emergentes aos Estados Unidos e repercutiria em uma maior alta do dólar.

"O fim das taxas de juros próximas a zero pode prever um maior endurecimento das condições de financiamento", afirmou o FMI. O Banco Mundial já aconselhou os países emergentes a apertarem os cintos diante de uma nova turbulência.

O Banco Mundial já aconselhou aos países emergentes a apertar os cintos, diante de uma nova turbulência.

A Rússia, por sua vez, será uma economia duplamente atingida: a queda dos preços do petróleo e ser alvo de sanções do Ocidente por seu papel na crise na Ucrânia a fariam registrar uma contração de 3,8% em 2015.

Europa, Grécia e os refugiados

No caso da Eurozona, cuja recuperação ainda é incerta, o FMI espera um crescimento de 1,5% em 2015 e de 1,6% em 2016, praticamente sem mudanças em comparação com as previsões de julho.

Em relação à crise econômica da Grécia, o FMI considera que "os riscos de contágio (para a Europa) são mais baixos que no início do ano, mas continuam sendo uma fonte de preocupação".

O organismo também adverte que os "riscos geopolíticos" continuam sendo elevados, sobretudo na Ucrânia e no Oriente Médio.

Pela primeira vez, o FMI também se refere ao impacto econômico que a crise dos refugiados pode ter na Europa.

"Em suas formas mais extremas, os conflitos políticos criaram uma grande quantidade de pessoas deslocadas no mundo, tanto dentro quanto fora das fronteiras nacionais. Os custos econômicos e sociais são enormes", disse o relatório.

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