Muitos integrantes do acordo dependem do comércio com a China, mas a imagem cada vez mais negativa do país asiático em algumas nações pode dificultar sua adesão (Thomas Peter/Reuters)
Bloomberg
Publicado em 18 de maio de 2021 às 18h39.
Última atualização em 18 de maio de 2021 às 19h22.
A China avança conversas nos bastidores para aderir a um grande acordo comercial que originalmente visava excluir Pequim e consolidar o poder econômico dos Estados Unidos e laços comerciais na região da Ásia-Pacífico.
Autoridades da Austrália, Malásia, Nova Zelândia e possivelmente outras nações realizaram reuniões técnicas com homólogos chineses sobre detalhes do Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP, na sigla em inglês). É o que afirmam representantes de quatro países-membros com conhecimento das discussões, que falaram sob anonimato.
Em fevereiro, a China anunciou que teve conversas informais com alguns dos membros, mas não divulgou detalhes. Não está claro até que ponto a China avançou na preparação de uma candidatura, mas as fontes avaliam que o governo de Pequim está seriamente interessado em aderir. Várias autoridades destacam comentários do presidente chinês Xi Jinping no ano passado como um sinal de intenção.
A China “não teria feito uma declaração sobre ingressar na Parceria Transpacífica se já não tivesse estudado este menu e dito: ‘Na verdade, estamos contentes com isso’”, disse Deborah Elms, fundadora e diretora executiva do Centro de Comércio Asiático em Singapura.
A Parceria Transpacífica foi concebida pelos Estados Unidos como um bloco econômico para equilibrar o crescente poder da China. Em 2016, o então presidente Barack Obama disse que os EUA, e não a China, deveriam escrever as regras regionais de comércio. Seu sucessor Donald Trump impulsionou o acordo em 2017, e o Japão liderou o pacto revisado e com novo nome para uma conclusão bem-sucedida no ano seguinte.
O governo de Pequim “fez muito trabalho preliminar e alguns contatos informais”, disse o ministro do Comércio, Wang Wentao, no início de março. “Estamos intensificando os esforços nessa área”. O ministério não respondeu a um pedido de mais informações sobre o andamento das negociações.
Muitos membros do CPTPP dependem do comércio com a China, mas a imagem cada vez mais negativa do país asiático em algumas nações pode dificultar um acordo sobre sua adesão. Preocupações com práticas trabalhistas, com estatais e confronto econômico com os Estados Unidos também aparecem como obstáculos potenciais para a entrada.