As economias regionais mais expostas à China, o maior condutor de crescimento nesta última década (©AFP / Martin Bernetti)
Da Redação
Publicado em 1 de junho de 2012 às 22h19.
São Paulo - Chile e Peru estão melhor posicionados na América Latina para resistir a uma desaceleração da economia global e a uma queda nos preços das matérias-primas, enquanto que Argentina e Venezuela são os mais vulneráveis a qualquer turbulência, disse nesta sexta-feira uma analista sênior da Fitch Ratings.
Tanto o Chile como o Peru possuem fundos para momentos difíceis e a dívida de seus governos é relativamente pequena em relação à sua produção econômica, em torno de 20 por cento ou menos, afirmou a chefe de qualificação soberana para América Latina, Shelly Shetty, durante o Reuters Latin American Investment Summit, em Nova York.
Ambos os vizinhos andinos possuem a flexibilidade fiscal para fazer frente a uma potencial queda nos fluxos de ingressos de capital, a uma queda abrupta nos preços dos metais -seus principais produtos de exportação- e a uma volatilidade nas taxas de câmbio, disse Shetty.
Colômbia, Brasil e México também podem conter qualquer onda vinda do exterior, mas em menor grau, indicou a analista.
Entre os outros grandes países da América Latina, Argentina e Venezuela seriam os mais duramente atingidos pela desaceleração do crescimento global e a queda nos preços das matérias-primas -petróleo no caso da Venezuela e soja no da Argentina.
Uma desaceleração na China prejudicará as economias da região, especialmente aquelas com grandes setores exportadores baseados em matérias-primas.
Uma regra geral diz que uma queda de 1 por cento na taxa de crescimento da China reduziria em torno de 1,2 por cento a expansão dos exportadores de matérias-primas, indicou Shetty.
As economias regionais mais expostas à China, o maior condutor de crescimento nesta última década, são Brasil, Chile, Costa Rica, Peru e Venezuela, segundo a Fitch.
Em relação ao impacto da crise europeia na região, a exposição comercial à Europa está mais concentrada no Cone Sul -Brasil, Argentina, Chile e Peru- do que no México e na América Central, indicou Shetty.
"Nossa visão é de que a América Latina como região está bem preparada para resistir aos impactos externos que poderiam surgir com a intensificação da crise da zona do euro", disse Shetty.
O Brasil está menos exposto que o Chile, cuja economia é mais aberta, disse ela, mas acrescentou que o Chile, que tem o grau de investimento mais elevado da América Latina, tem uma história de prudência fiscal quando necessário.