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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h04.
A segunda rodada do Fórum de CEOs Brasil-EUA, que reúne vinte altos executivos de firmas brasileiras e americanas, está agendada para o dia 28 de abril, em Washington. Promovido com o objetivo de gerar uma lista de recomendações a serem adotadas pelos dois governos a fim de promover o comércio bilateral e o intercâmbio tecnológico, o Fórum, propõe, entre outras medidas, um acordo tributário bilateral e a simplificação da emissão de vistos de entrada em ambos países. Numa entrevista exclusiva para o Portal EXAME, os CEOs Jorge Gerdau, do Grupo Gerdau, e Tim Solso, da Cummins, antecipam os principais temas do próximo encontro.
Portal EXAME - O que deve acontecer na segunda rodada do Fórum?
Tim Solso - No primeiro encontro, estabelecemos nossas maiores prioridades e as categorizamos em cinco tópicos diferentes. É difícil dizer qual será o resultado do próximo encontro, mas temos conversado sobre questões tributárias, investimentos em infra-estrutura, os sistemas educacionais, em aprimorar a infra-estrutura em TI, a facilitação para obtenção de vistos para os dois lados e sobre projetos comuns de responsabilidade social corporativa. Logo, minha expectativa é que tenhamos progressos em vários desses temas, que dão uma idéia do que vem sendo discutido.
Jorge Gerdau - Após o primeiro encontro nós estabelecemos essas prioridades, como o tema tributário, porque o Brasil tem vários acordos de relacionamento evitando bitributação com outros países, mas com os Estados Unidos este assunto ainda está pendente. Depois, no processo de infra-estrutura, nós achamos que como o Brasil está se abrindo de uma forma importante, aí há uma possibilidade de participação financeira dos EUA nesses projetos enormes que o Brasil precisa fazer na infra-estrutura. E nós também achamos que dá para trabalhar na desburocratização do fluxo comercial entre os dois países. São dois países gigantescos que ainda não potencializaram todas as suas possibilidades. O esforço dos CEOs, apoiando os governos no sentido de que haja uma evolução e crie um campo fantástico de trabalho, poderá resultar em benefícios significativos nos próximos anos.
Portal EXAME - Desde a primeira rodada do Fórum, o que aconteceu com a recomendação do acordo tributário bilateral?
Solso - Desde então os CEOs americanos se reuniram em Washington com autoridades americanas, incluindo os departamentos do Comércio, do Tesouro e de Estado para definir quais são as barreiras. Já temos uma primeira lei tributária para investimentos, assinada pelos presidentes Lula e Bush, que é o começo de um acordo bilateral, que agora começa a ser analisado pelo poder legislativo brasileiro. Estamos conversando também com autoridades brasileiras sobre como agilizar isso. Não sei se seria possível ter um acordo finalizado até o final do ano, mas nossa meta é estabelecer prazos. Não conheço profundamente o processo legislativo brasileiro, mas creio que alcançar um acordo tributário bilateral seria um passo muito importante em direção à promoção comercial e de investimentos entre os dois países.
Portal EXAME - De que maneira o Fórum tem abordado a questão das barreiras à entrada de investimento estrangeiro direto dos EUA no Brasil?
Gerdau - O nosso chairman Josué Gomes da Silva, da Coteminas, tem tido um contato intenso com as diversas áreas ministeriais, principalmente com a Casa Civil, que por sua vez está organizando um grupo de trabalho com os ministérios do Desenvolvimento, Comércio e Indústria, da Fazenda, do Itamaraty e com a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações). Esse trabalho vai facilitar o diálogo com o grupo de CEOs brasileiros na evolução dessa pauta. Dentro do grupo brasileiro, fizemos uma subdivisão em que cada CEO procura trabalhar em campos como o problema tributário, seja das alfândegas e burocracias, seja na tecnologia, seja na educação. Na próxima reunião com os CEOs americanos, queremos consolidar essa visão e também buscar apoio. Eu diria que o processo está andando e que existe uma evolução interessante e participativa dos CEOs.
Portal EXAME - Na primeira rodada do Fórum, uma das recomendações dizia respeito à facilitação da emissão de vistos de entrada nos dois países. Isso diz respeito apenas ao trânsito de executivos ou é uma proposta mais ampla?
Gerdau - Estamos trabalhando dentro de uma visão mais ampla. Nós entendemos que o trabalho que os CEOs estão fazendo tem uma dimensão global, universal. Estamos preocupados em ampliar as possibilidades de intercâmbio no campo da educação e da tecnologia. Queremos que a emissão de vistos se estruture dentro de um sistema de reciprocidade dos dois países, simplificando o processo de emissão e cortando os custos. Hoje nós tivemos uma reunião sobre esse tema com representantes dos dois lados, do Brasil e dos Estados Unidos e eu acho que existe uma porta aberta, clara, de ambos os lados. Estamos procurando encontrar soluções que também dependem da legislação. Mas eu acho que essa iniciativa tem chances de vingar, pelo menos nós estamos sentindo uma atitude extremamente positiva por parte dos responsáveis dos dois governos.
Portal EXAME - Depois do segundo encontro, o Fórum de CEOs será dissolvido, ou ele terá um caráter permanente?
Solso - Claramente a nossa intenção da parte dos CEOs, brasileiros e americanos, é que essa deve ser uma iniciativa contínua. A razão é que muitas das questões que estamos tentando abordar têm implicações de longo prazo. Elas são complexas - não são fáceis de serem resolvidas. Existe um compromisso genuíno de ambos os lados para continuar, ainda que tenhamos que obter um avanço evidente a cada seis meses. Mas teremos a eleição presidencial nos Estados Unidos em novembro. É o novo governo americano quem vai determinar a continuidade do fórum. Temos agora o encontro em abril em Washington e um terceiro no Brasil, em outubro. Os CEOs crêem que este é um esforço promissor e por isso queremos continuá-lo.
Gerdau - Dentro da evolução dos cenários mundiais de intercâmbio e aproximações, essa é uma tarefa interminável. Quando se venceu uma etapa, pode-se estar certo de que existem novas etapas para serem conquistadas. Nós entendemos que esse fórum é um processo permanente e que deverá evoluir no sentido de vencer barreiras. Eu diria que nós temos uma tarefa gigantesca em benefício de todos.