Economia

Centrais discutem próximos passos para barrar reformas

Linha de confronto já tinha ficado clara na sexta-feira, com a convocação de uma greve geral contra as reformas trabalhista e previdenciária

Protesto na última sexta-feira: caso as reformas não sejam derrubadas, o caminho deve ser a política eleitoral (Paulo Whitaker/Reuters)

Protesto na última sexta-feira: caso as reformas não sejam derrubadas, o caminho deve ser a política eleitoral (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de maio de 2017 às 10h49.

São Paulo - As tradicionais comemorações do Dia do Trabalho, em São Paulo, devem trazer mais uma mostra da postura mais agressiva das centrais sindicais em relação ao governo. Essa linha de confronto já tinha ficado clara na sexta-feira, com a convocação de uma greve geral contra as reformas trabalhista e previdenciária.

As centrais CUT, CTB e Intersindical realizam seu evento hoje em dois pontos: haverá um ato político na Avenida Paulista e shows de artistas na Praça da República. Já o evento da Força Sindical, com shows e sorteios de carros, será realizado na Praça Campo de Bagatelle.

As centrais também já começaram a discutir os próximos passos em relação às reformas propostas pelo governo.

O primeiro será pressionar os senadores, tanto em Brasília quanto nas suas bases eleitorais, para barrar a reforma trabalhista, que ainda tem de passar pelo Senado. Se não for suficiente, as entidades avaliam promover uma grande marcha a Brasília e nova greve geral, desta vez com dois dias de duração.

Mas, caso as reformas não sejam derrubadas, o caminho deve ser a política eleitoral.

"Se não conseguirmos (derrubar as reformas), a via é eleger em 2018 um governo que revogue as reformas, na linha do que tem sido feito em alguns países da Europa", diz o diretor executivo da CUT, Julio Turra.

Ele avalia que a extinção do imposto sindical não é uma ameaça real e foi incluída no texto da reforma para, depois, servir de moeda de troca na negociação com as centrais alinhadas ao governo.

"O próprio Paulinho (Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical) disse que o Temer vai vetar", afirma Turra. Fonte da direção da Força que participa de reuniões com o presidente Temer confirma, sob condição de anonimato, que o fim do imposto sindical pode ser apenas uma moeda de troca do governo.

Receita

Segundo Paulinho, 95% da receita da Força vem da parte que cabe à entidade do imposto sindical. Em 2016, foram arrecadados com o imposto R$ 3,5 bilhões, de trabalhadores e empresas. O dinheiro é dividido entre sindicatos de trabalhadores e patronais, federações, confederações, centrais e Ministério do Trabalho.

A festa do 1º de Maio da Força, que este ano sorteia 19 carros, "é totalmente patrocinada e não usa dinheiro da central", diz Paulinho. A CUT não informa quanto de sua receita vem do imposto e diz que sempre foi contra sua cobrança. A entidade defende uma contribuição a ser aprovada pelos trabalhadores.

Para o Presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, este mês haverá outras greves. "Com certeza, o governo vai ficar numa posição de insustentabilidade daqui a pouco, porque a população não vai permitir que se tire direitos", alerta.

Essa também é a avaliação do presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araujo. "Depois da greve, novas greves, novas lutas." Patah acredita que a reforma trabalhista não passe no Senado e deposita as fichas na posição mais equilibrada dos senadores, ao contrário do estrelismo, segundo ele, visto na votação da Câmara.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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