Cemig: "a empresa tem mostrado sua capacidade de reagir em conjunturas desfavoráveis", disse diretor da Cemig (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2015 às 17h02.
São Paulo - A elétrica estatal mineira Cemig não sofreu aumento da inadimplência e nem das perdas de eletricidade no segundo trimestre, mesmo após o acentuado reajuste das tarifas registrado neste ano, disseram executivos da companhia em teleconferência nesta quarta-feira.
Apesar desse quadro, os executivos da empresa buscaram mostrar ao mercado que a Cemig tem tomado medidas para preservar os resultados em meio a um cenário econômico mais desafiador.
"A empresa tem mostrado sua capacidade de reagir em conjunturas desfavoráveis", garantiu o diretor de Relações Institucionais, Luiz Fernando Rolla.
Segundo ele, um dos cuidados tomados será em relação aos indexadores da dívida da companhia, que hoje é majoritariamente atrelada ao CDI.
A unidade de geração e transmissão de energia da Cemig tem cerca de 1 bilhão de reais em dívidas com vencimento em 2016, enquanto o braço de distribuição da holding possui 2,7 bilhões de reais em dívidas nessa situação.
"O que pretendemos fazer no segundo semestre ou no começo do ano que vem é uma tentativa de indexar (a dívida) ao mesmo indicador de nossa receita", explicou Rolla.
Isso seria feito com a rolagem de parte da dívida, indexando-a então ao IPCA.
As despesas financeiras da Cemig subiram 55 por cento no segundo trimestre, para 486 milhões de reais.
"Nossa estratégia é de olhar com muito cuidado a dívida da companhia, justamente porque as despesas financeiras aumentaram, obviamente... devido à situação conjuntural do país, de aumento do CDI e do IPCA. Entendemos que no médio prazo os custos da companhia devem voltar aos padrões anteriores", disse o diretor de Relações com Investidores, Fabiano Maia Pereira.
HIDRELÉTRICAS
Durante a teleconferência, o diretor de Relações Institucionais, Luiz Fernando Rolla, disse que a empresa aguarda a publicação, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), de decisão em que foi negado o direito de a Cemig renovar as concessões das hidrelétricas de São Simão e Jaguara pelas condições originais dos contratos.
"Temos que aguardar a publicação para decidir qual caminho seguir... mas pode ter certeza de que vamos buscar a defesa dos melhores interesses da empresa, assim como temos feito até agora, na busca de uma solução negociada. E se não for negociada, vamos buscar através dos mecanismos jurídicos adequados", apontou.
Antes mesmo de ser questionado sobre o assunto, Rolla adiantou que a Cemig não comentaria as medidas anunciadas pelo governo federal na terça-feira, que incluem uma proposta de apoio às geradoras afetadas pelo déficit de geração das hidrelétricas e mudanças nas regras de leilões de hidrelétricas antigas.
O executivo disse que a empresa agendará brevemente uma teleconferência dedicada apenas a comentar essas propostas.
Ao longo da apresentação, no entanto, Rolla afirmou que o apoio sinalizado pelo governo às hidrelétricas deve resultar em uma revisão na provisão para perdas em investimentos, de 46 milhões de reais, registrada para a hidrelétrica de Santo Antônio no segundo semestre.
"Em função das medidas do governo, pode haver reflexos imagino que positivos na usina de Santo Antônio", disse Rolla.
A hidrelétrica, que está em construção no Rio Madeira, tem sofrido mais com os efeitos da seca por ainda não estar totalmente operacional. A Cemig tem como sócios no empreendimento a estatal Furnas, da Eletrobras e a Odebrecht.