Futebol: em 2013, presidente da Fifa avaliou que pacote seria de R$ 220 milhões (REUTERS/Washington Alves)
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2014 às 15h46.
Rio - A Fifa vai dar cerca de US$ 100 milhões para projetos de desenvolvimento do futebol no Brasil.
Esse pacote será canalizado pela CBF justamente para as federações estaduais que não receberam jogos da Copa do Mundo.
Os recursos serão usados para construir campos de futebol, doar equipamentos esportivos e mesmo para questões médicas.
Um valor exato, proveniente das receitas do Mundial no Brasil, ainda não é conhecido.
Mas, em 2013, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, avaliou que o pacote seria de R$ 220 milhões, um valor similar ao que a África do Sul recebeu após a Copa de 2010.
A CBF já decidiu que o dinheiro irá para os Estados que não receberam jogos da Copa. No dia 6 de julho, por exemplo, o primeiro projeto será inaugurado com um campo em Belém, cidade que ficou de fora da programação do Mundial.
O presidente da CBF, José Maria Marin, rejeitou que a distribuição do dinheiro tenha qualquer conotação política.
Mas, durante a coletiva de imprensa nesta quarta-feira no Maracanã, ele foi bombardeado por questões da imprensa estrangeira e nacional sobre gastos excessivos e suspeitas de corrupção no futebol brasileiro.
O cartola foi questionado sobre o motivo pelo qual a CBF, apesar de milionária, jamais investiu no desenvolvimento do futebol de base em zonas pobres do país.
Ele preferiu defender a construção de uma nova sede da CBF no Rio, que custou R$ 80 milhões, e insistiu que os gastos são para garantir que seus funcionários tenham "as melhores condições de trabalho".
Ele também justificou os gastos da CBF na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), apontando para o "conforto" que o local oferece para os jornalistas.
"Sem dúvida, foi uma belíssima aplicação de investimento", explicou. "Nunca houve condições de trabalho como nesta Copa. Posso garantir isso."
Questionado sobre o que tem feito pelo desenvolvimento do futebol brasileiro, Marin listou as conquistas da sua administração.
"Em dois anos, inauguramos a Granja, o novo prédio da CBF, ganhamos a Copa das Confederações e se alguém tiver alguma denúncia, vamos apurar com todo o rigor", disse.
Quando perguntado sobre o motivo pelo qual a CBF não usou seu próprio dinheiro para desenvolver a estrutura do futebol pelo país, Marin citou o investimento que faz nas séries C e D do Campeonato Brasileiro e respondeu ao repórter que "agradecia" a sugestão e que iria "considerar" a proposta.
"As séries C e D são totalmente subsidiadas. Pagamos transporte, hotel e bolas", contou.
Marin foi até mesmo obrigado a sair em defesa de seu antecessor, Ricardo Teixeira. "Nunca teci comentários sobre outro cidadão e não cabe a mim julgar.
O doutor Ricardo Teixeira foi um vencedor, conquistou títulos para o Brasil e analiso sua conduta apenas como dirigente", respondeu.
CONTROLE - Apesar de o dinheiro ser destinado a locais indicados pela CBF, a Fifa garante que a entidade brasileira não terá um cheque em branco.
Uma auditoria internacional será realizada e a decisão da liberação do dinheiro será tomada em Zurique.
Isso seria resultado da experiência da Fifa com o fundo que criou para a África do Sul e que foi alvo de sérias polêmicas. Uma das denúncias é de que parte do dinheiro foi usado para comprar carros para os cartolas locais.
Thierry Regenass, responsável da Fifa pelo fundo, admitiu que a estrutura do novo fundo será "diferente" no caso do Brasil. "Vamos acompanhar de perto", avisou.
Segundo ele, os projetos serão implementados pela CBF, mas com controle da Fifa e com a fiscalização da KPMG. Os recursos ficarão depositados em uma conta e liberados dependendo do projeto.
Por enquanto, US$ 20 milhões já foram enviados ao Brasil e a Fifa ainda espera que o dinheiro seja usado para torneios locais e o desenvolvimento do futebol feminino.