Aníbal Cavaco Silva: "Espero que a troika reconheça que tudo aquilo que foi negociado em abril do ano passado não é algo perfeito" (Alfredo Rocha/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2012 às 19h06.
Lisboa - O presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, descartou nesta sexta-feira um segundo resgate para o país, mas expressou sua confiança de que a troika, formada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu e Comissão Europeia, aceite algumas alterações no acordo de ajuda financeira assinado em 2011.
Cavaco disse que Portugal cumpre com seus compromissos e afirmou que não se deve utilizar a palavra negociação em relação à possibilidade da troika ampliar o resgate de 78 bilhões de euros destinados a Lisboa, pois isso afetaria a imagem internacional do país.
'Espero que a troika reconheça que tudo aquilo que foi negociado em abril do ano passado não é algo perfeito e que nunca deve ser alterado, mas isso não se deve ser classificado como uma negociação', explicou o presidente.
Em declarações aos jornalistas numa visita ao interior do país, o dirigente conservador afirmou que a Comissão e o FMI podem sugerir 'alterações de alguns termos' do acordo original, sem especificar quais, o que seria justificado pela atual situação de Portugal.
A piora das previsões econômicas do país, cujo PIB pode descer mais de 3% este ano, e a pressão que os mercados exercem sobre sua dívida soberana, fazem com que muitos analistas acreditem que Portugal precisará de mais ajuda quando o programa de financiamento externo terminar em 2013.
O principal partido de oposição ao governo, o Socialista, que estava no poder quando o resgate foi negociado, já pediu aos organismos internacionais mais tempo para sanear as contas nacionais.
O Executivo do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho reiterou várias vezes que seu país não necessita 'nem mais tempo nem mais dinheiro', mas também deixou a porta aberta para que a troika leve em conta a piora das circunstâncias externas -como a crise da dívida- que prejudicam a economia lusa.
Cavaco previu que a possibilidade de um segundo resgate 'não ocorrerá, pelo menos na forma como foi apresentado', mas ressaltou que Portugal seguirá contando com o respaldo da União Europeia (UE) caso as dificuldades para o financiamento nos mercados continuem.
Para receber os 78 bilhões de euros, entregues por etapas, Portugal deve diminuir seu déficit de 9,8%, índice em que fechou 2010, para 3% até 2013, o que exige cortes estatais e reformas estruturais.
A UE e o FMI começaram na semana passada a terceira inspeção da economia portuguesa realizada antes da entrega de uma nova parcela do resgate.