Carro da Renault no salão de Paris: outro motivo é a falta de competitividade da indústria nacional, segundo o executivo (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2012 às 17h06.
São Paulo - O presidente mundial da aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn, afirmou ontem que, mesmo com a diminuição temporária do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), "o carro brasileiro é o mais taxado do mundo". A incidência de impostos elevados é, de acordo com o executivo, uma das duas razões de o preço final do carro ofertado ao consumidor brasileiro ser superior ao praticado em países da Europa, nos Estados Unidos e em outras nações emergentes.
O outro motivo é a falta de competitividade da indústria nacional, acrescentou. "A falta de competitividade precisa ser melhor trabalhada. Não estou falando só das montadoras. São montadores, fornecedores, etc, etc. Quem paga é o consumidor. Isso é nossa responsabilidade. Ajudar o sistema a ter maior competitividade", disse Ghosn, nascido no Brasil e que tem cidadanias francesa e libanesa.
O presidente da Renault-Nissan previu que a venda de carros no Brasil em 2013 crescerá bem menos do que neste ano, quando a expansão está sendo de 5% (3,1 milhões de carros vendidos até agora), em relação a 2011. Para ele, a alta da comercialização de automóveis novos no ano que vem não será superior a 2%.
A previsão se deve à indefinição de como reagirá o mercado a partir de janeiro, com o fim da redução do IPI incidente sobre a venda de carros, em vigor desde maio. "Ninguém sabe qual será o efeito de quando o IPI voltar ao normal. O retorno ao nível normal vai pesar sobre a demanda. A venda de carros ficará abaixo do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), estimado em 4,5%", disse ele. Entre outros compromissos, ele está no Brasil para acompanhar a etapa final da Fórmula 1, no domingo.
No caso da Renault, o crescimento também deverá ser menor, já que a fábrica no Paraná fechará para obras no próximo dia 7, com previsão de retomada da produção só a partir de 7 de fevereiro.
Os dois meses de obras visam ampliar a capacidade produtiva da fábrica, que hoje é de 280 mil carros por ano. A meta da Renault é produzir a partir do ano que vem até 380 mil veículos. A fábrica de motores da Renault, também no Paraná, vai aumentar a capacidade de produção dos atuais 400 mil para 500 mil unidades por ano em 2013.