Senado: presidente da casa está com agenda reduzida por causa do feriado sagrado para os judeus (Marcos Oliveira/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2019 às 06h17.
Última atualização em 9 de outubro de 2019 às 10h38.
Dois motivos inusitados e um episódio difícil devem atrasar ainda mais o calendário já super atrasado da reforma da Previdência.
A partir desta quarta-feira (9), comitivas de senadores começam a deixar Brasília com destino a Roma para o evento de canonização da baiana irmã Dulce, marcado para o domingo. Somado a isso, o presidente do Senado Davi Alcolumbre está com a agenda reduzida por causa do Yom Kippur, feriado sagrado para os judeus.
Outra razão que deve atrasar a tramitação, e que tem potencial para fazer barulho quando os senadores retornarem de Roma, são as espinhosas denúncias contra o partido do presidente Jair Bolsonaro, o PSL. Ontem, o ministro do Turismo Marcelo Álvaro foi convocado por uma comissão do Senado para prestar esclarecimentos sobre as candidaturas laranjas da legenda nas últimas eleições.
A data prevista para a audiência de Álvaro é 22 de outubro, mesmo dia em que os parlamentares ficaram de votar a reforma da Previdência em segundo turno. O ministro já havia se recusado três vezes a falar sobre o assunto, mas na condição de convidado. Desta vez, como foi convocado, será obrigado a dar explicações.
Embora permaneça dizendo que manterá Marcelo Álvaro no cargo, até mesmo o presidente Jair Bolsonaro demonstra preocupação com os rumos de seu partido. Ontem, apareceu em um vídeo aconselhando um apoiador a esquecer o PSL, acrescentando que o partido “está queimado pra caramba”.
Enquanto os trabalhos de tramitação da Previdência estão parados, em grande parte devido à articulação truncada do governo, novos reveses são recebidos pela equipe econômica, idealizadora da reforma. Na semana passada, senadores reduziram em 76,4 bilhões de reais a economia prevista nos próximos 10 anos com a derrubada de mudanças no pagamento de abono salarial.
Uma boa notícia: na noite de ontem, deputados e senadores chegaram a um acordo para dividir os recursos do megaleilão de petróleo previsto para 6 de novembro.
A expectativa é que o acordo vire um projeto de lei a ser aprovado até semana que vem.
Quando a articulação falha, qualquer motivo é motivo para adiamentos — do pré-sal ao Vaticano.