Economia

Canadá quer que Nafta projeta trabalhadores, diz Trudeau

O primeiro-ministro canadense reconheceu o mal-estar que alimentou os ataques de Donald Trump ao acordo

Trudeau: "Devemos estar focados em cheio na classe média e naqueles trabalhando duro para fazer parte dela" (Enrique de la Osa/Reuters)

Trudeau: "Devemos estar focados em cheio na classe média e naqueles trabalhando duro para fazer parte dela" (Enrique de la Osa/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de outubro de 2017 às 18h55.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse nesta sexta-feira (13) que um novo Tratado de Livre-Comércio da América del Norte (Nafta) deve proteger melhor os trabalhadores e a classe média, reconhecendo o mal-estar que alimentou os ataques de Donald Trump ao acordo.

Em um discurso ante o Senado mexicano, ao fim de uma turnê pela América do Norte, na qual discutiu com o presidente dos Estados Unidos sobre comércio, Trudeau reconheceu o sentimento antiglobalização disseminado entre a classe média americana, que Trump encarnou com sucesso.

"Em nossa sociedade, crescentemente globalizada, vemos pessoas que têm medo de serem esquecidas. O isolamento está se enraizando em muitos cantos do mundo", disse.

"Como líderes, devemos estar focados em cheio na classe média e naqueles trabalhando duro para fazer parte dela", completou.

Atualmente, negociadores de Estados Unidos, Canadá e México estão reunidos nos arredores de Washington para a quarta rodada de discussões para atualizar o acordo.

Trump, que diz que o tratado foi um "desastre" para os Estados Unidos, exigiu sua reforma e ameaça deixá-lo.

O ministro de Fazenda do México, José Antonio Meade, disse nesta sexta que o México vai continuar participando das negociações de boa fé, buscando um consenso que beneficie os três países, apesar das diferenças que possam surgir no processo.

"É natural em um processo de negociação que haja tensões conforme avançamos, de fato, é mais provável que os temas que geram dificuldades sejam processados no final", disse Meade em Washington, onde participa da reunião anual do Banco Mundial e do FMI.

Mais salário e proteção

Trudeau argumentou que a chave para ganhar maior respaldo para a nova versão do acordo de 1994 é oferecer melhores salários e proteção para os trabalhadores, uma mensagem que também é dirigida ao México, cuja mão de obra barata é vista como uma ameça por EUAe Canadá.

"Padrões trabalhistas progressivos são a forma de nos assegurarmos que um Nafta modernizado não só fortaleça o comércio livre e justo, mas também desfrute de um apoio popular duradouro", disse Trudeau ao Senado mexicano, cuja aprovação é necessária para ratificar qualquer nova versão do acordo.

Trudeau foi ovacionado quando disse que o tratado também deve promover a igualidade de direitos para as mulheres.

"Devemos avançar na igualdade de gênero", disse.

"Essa é a razão pela qual o Canadá está tão grato pelo apoio do México a um capítulo sobre gênero na modernização do Nafta", afirmou.

O governo Trump incluiu uma série de propostas polêmicas para a atualização do Nafta, inclusive um endurecimento das chamadas "regras de origem", exigindo certa quantidade de conteúdos dos Estados Unidos nos produtos.

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