Fazendeiro realizando a colheita de canola em uma fazenda perto de Beiseker, Alberta, no Canadá (Todd Korol/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de janeiro de 2014 às 15h51.
Winnipeg - As colheitas recordes de canola e trigo do Canadá lotaram as artérias ferroviárias e sobrecarregaram os portos do país, deixando a Glencore e outros operadores de grãos com milhões de dólares em multas de transporte e os armazéns dos produtores lotados com grãos cada vez mais desvalorizados.
A produção sem precedentes do maior fornecedor mundial de canola e segundo maior exportador de trigo criou um abismo entre os vencedores e perdedores na economia agrícola, em meio a gargalos logísticos que podem durar até a primavera.
Grandes operadores de grãos como a Cargill , que compra de produtores e envia os grãos aos portos, enfrentam filas de quase 30 mil vagões ferroviários, oito vezes mais do que há um ano e o equivalente a quase 3 milhões de toneladas de grãos, segundo as ferrovias.
Um fluxo de navios graneleiros na costa oeste do Canadá, muitos com destino à Ásia, estão esperando há 2 semanas e meia para carregar e partir, uma semana a mais do que a meta do porto Metro Vancouver. A espera já custa cerca de 10 a 15 milhões dólares canadenses em multas aos exportadores, disse o diretor-executivo da Associação de Armazenagem do Oeste, Wade Sobkowich.
Enquanto isso, as empresas que transformam canola em óleo, como Archer Daniels Midland (ADM) e a Bunge, estão aproveitando preços à vista com grandes descontos.
Algumas empresas graneleiras pararam de oferecer lances de compra de trigo até a primavera, sinalizando que têm mais do que podem negociar.
"É quase impossível para os produtores vender tudo neste ano", disse Jim Beusekom, presidente da corretora Market Place Commodities, de Alberta. "Dá para perceber (que os agricultores) estão estressados." Caso os agricultores produzam mesmo uma colheita normal neste ano, o excedente de grãos e os gargalos podem se esticar até o início de 2015, acrescentou.