O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fica até o fim do ano (Germano Lüders/Exame)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 20 de agosto de 2024 às 12h50.
Última atualização em 20 de agosto de 2024 às 13h13.
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, evitou afirmar nesta terça-feira, 20, se o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentará a taxa de juros na próxima reunião, marcada para 17 e 18 de setembro. Segundo ele, a mensagem dos membros do colegiado têm sido a mesma desde a divulgação da ata do Copom. As declarações foram feitas no Macro Day, evento organizado pelo banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).
“Na verdade, eu tenho tentado passar, pelo menos, a mesma mensagem que passamos na ata. Não mudou nada. De lá para cá a gente teve um pouquinho de dado mais forte no local. Uma volatilidade grande lá fora e um cenário lá fora que eu acho que está melhor que estava antes”, disse. O Macro Day está disponível online e pode ser visto aqui.
As afirmações de Campos Neto foram resposta ao questionamento do CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti, que apontou que desde a divulgação da última ata do Copom houve uma melhora dos preços de mercado, com queda no valor do dólar e redução das expectativas de inflação. Entretanto, esse movimento só ocorreu, segundo o CEO do BTG, depois de o mercado precificar uma alta de juros após a sinalização do BC que essa possibilidade existe.
Campos também aproveitou a oportunidade para sinalizar que as apostas do mercado, em vários momentos, desconsideram a conjuntura e consideram unicamente a mensagem oficial. “É curioso porque o banqueiro central é sempre acusado de ser hawkish demais ou dovish demais”, resumiu.
Uma autoridade monetária com uma postura hawkish passa uma mensagem dura e aumenta a Selic para ancorar expectativas e reduzir a inflação. Um BC dovish sinaliza uma melhora do ambiente econômico e inflacionário, reduz as taxas ou as mantém em patamar baixo por mais tempo para estimular a atividade.
Durante o debate, Campos Neto também afirmou que espera que o seu sucessor faça um trabalho técnico, sem um juízo de valor político.
"Eu espero que meu sucessor não seja criticado ou julgado pela cor da camisa que ele veste, ou se ele foi a alguma festa, ou se participou de alguma homenagem de um jeito ou de outro, e que ele seja julgado pelas decisões técnicas que ele tomou", disse.
O presidente do BC ainda afirmou que o convívio e a proximidade com políticos fazem parte do trabalho dos diretores da autoridade monetária.
"Quem está no Banco Central não tem como não estar perto de governo, de parlamentares, porque você precisa ter esse trabalho para aprovar esses projetos. Mas você precisa ter a capacidade de diferenciar o que é proximidade e o que é autonomia e independência", afirmou.