Campos Neto: presidente do BC afirmou que está cedo para falar sobre um corte menor na taxa de juros (Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 28 de setembro de 2023 às 12h56.
Última atualização em 28 de setembro de 2023 às 13h03.
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira, 28, que a "barra está ligeiramente mais alta" para acelerar o ritmo de corte de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) já sinalizou que deve fazer mais dois cortes de 0,5 ponto percentual na Selic nas próximas duas reuniões do colegiado e a taxa deve terminar o ano em 11,75% ao ano.
"Também está cedo para falar em um movimento de corte menor. Mas a gente vai avaliar isso melhor. A gente tem uma incerteza externa que será observada nas próximas semanas. Se houver uma mudança, isso será comunicado", disse.
No comunicado após a reunião do Copom, o BC julgou como pouco provável a aceleração do ritmo de queda da taxa, para 0,75 ponto percentual. "O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva. Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços", informou o BC.
Campos Neto também afirmou que há uma discussão no mercado sobre a possibilidade de o BC apresentar um guidance sobre o tamanho do ciclo de corte, o que já foi feito anteriormente. Segundo ele, em um momento de incerteza, como agora, dar um guidance e depois trocar essa sinalização teria potencial para gerar um ruído que afetaria a credibilidade da política monetária.
A desancoragem das expectativas de inflação também está no radar do BC, afirmou Campos Neto. Segundo ele, a autoridade monetária não está confortável com o número estabilizado acima da meta.
"O BC persegue a meta [de inflação] sempre. O Brasil está indo em direção a meta, mas em nenhum momento quisemos dizer que estamos confortáveis com o número acima da meta", disse.